O coração da música electrónica volta a bater na “Nova Lisboa”

O Sónar Lisboa regressa em 2025 ao Parque Eduardo VII com 43 dos maiores nomes da cultura clubbing actual. Do global ao local, o mundo electrónico faz um takeover ao centro de Lisboa.

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Lisboa é uma cidade de luz, de cheiros e, cada vez mais, de ritmos. Sendo uma das cidades mais emergentes e relevantes em nova musicalidade - e berço de uma mistura de ritmos quase única a nível mundial (aquilo a que Dino D’Santiago chamou a “Nova Lisboa”) -, essa soundtrack de raízes lisboetas marca presença com estrondo nos palcos da próxima edição do Sónar Lisboa. O

Parque Eduardo VII volta a ser o berço do melhor da cultura clubbing e da música electrónica, com a mistura explosiva de ritmos com que já vem habituando a cidade: nomes consagrados e emergentes, takeovers de editoras e colectivos locais e espectáculos audiovisuais inovadores da autoria dos melhores artistas mundiais. Para saber mais sobre o que nos espera na próxima edição, o Público foi falar com Enric Palau, co-director e um dos fundadores do festival catalão.

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ANA_VIOTTI?

O ritmo que nos faz palpitar

11, 12 e 13 de Abril. São estas as datas que marcam oficialmente a abertura dos festivais de música em Portugal em 2025 e o regresso do Sónar Lisboa, que se divide em dois conceitos principais: o Sónar by Day e o Sónar by Night, ambos localizados no Pavilhão Carlos Lopes, um dos edifícios mais emblemáticos da cidade. O interior do pavilhão recebe o Sónar by Night, composto por duas noites de festival (11 e 12 de Abril, Sexta-Feira e Sábado) com longas horas de dança, enquanto que o Sónar by Day (12 e 13 de Abril, Sábado e Domingo) decorre em dois palcos ao ar livre, com uma selecção diversificada de DJ’s, rodeados por muita natureza.

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O Sónar Lisboa 2025 partilha muito dos artistas e espectáculos com o seu “irmão” Sónar Barcelona. Mas sendo dois meses mais cedo, Lisboa recebe muitas novidades em primeira mão, como é este o caso de Max Cooper este ano. O aclamado compositor electrónico vai apresentar em solo nacional «Lattice 3D/AV», o seu novo espectáculo ao vivo (com um grande arsenal audiovisual à mistura), antes de o levar a Barcelona. Ao norte-irlandês, também como cabeças de cartaz e grandes destaques de 2025, juntam-se Underworld e Richie Hawtkin - dois nomes que marcam há décadas o panorama da música de dança. Os Underworld, dupla que foi uma das principais responsáveis para a massificação da cultura rave (fica difícil esquecer Born Slippy, que se tornou numa espécie de hino de uma geração através do filme Trainspotting), regressam com Strawberry Hotel, um disco novo acabado de sair, enquanto Richie Hawtkin vem apresentar DEX EFX X0X, um set futurista que estreou no Sónar Barcelona do ano passado e foi um dos grandes destaques do evento. Lisboa vai ainda a receber a pioneira do techno siberiano Nina Kraviz, naquele que já é um amor de longa data com a cidade, a inovadora DJ francesa Anetha, Marcel Dettmann e os Modeselktor, num raríssimo DJ set.

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Enric Palau

O sangue local que faz dançar

Este ano vamos poder assistir a um trio de stage takeovers de editoras e colectivos que deixam muitos num estado de excitação até ao próximo mês de Abril: Príncipe x TraTraTrax, Dengo Club e Enchufada. A editoria Príncipe é famosa por ter levado durante os últimos 15 anos a batida, um estilo de música electrónica oriundo dos subúrbios da cidade, aos ouvidos do público global. Em conjunto com a editora colombiana TraTraTrax - representada por DJ Lomalinda e o artista sensação Bitter Babe -, a Príncipe pensou um showcase de música de dança rápida e poliglota. Já a Enchufada, a famosa editora co-fundada por Branko, faz o seu takeover com a sonoridade que a caracteriza, com estilos africanos, brasileiros e portugueses. Como destaque trazem o artista brasileiro Mu540, que mistura o funk com o trap, e o produtor ganês-britânico Hagan - para além de Rita Vian, que traz a mistura de fado e R&B, e Pedro da Linha, com a bandeira do kuduro. Por sua vez a Dengo Club celebrizou-se no underground, sendo um dos principais coletivos LGBTQIA+ de Lisboa, com apresentações que vão do baile de funk ao afro house. No Sónar Lisboa 2025, Saint Caboclo e Banu, residentes, são acompanhados por San Farafina (membro do colectivo moonshine.mu).

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