Líder europeu de moda online Zalando dá 1200 milhões pela About You

Maior retalhista europeu de moda na Internet quer acesso a consumidores mais jovens e ganhar escala para enfrentar a concorrência das plataformas chinesas que estão a crescer no mercado europeu.

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A Zalando vende artigos de moda e beleza entre cerca de 50 milhões de clientes na Europa FABRIZIO BENSCH / REUTERS (Arquivo)
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O maior grupo retalhista de moda online na Europa, Zalando, sediado em Berlim, quer comprar o concorrente About You, sediado em Hamburgo, por mais de mil milhões de euros, segundo a proposta de compra anunciada nesta quarta-feira, na Alemanha.

É um dos maiores negócios do ano neste sector e fortalece a ideia de que os europeus estão à procura de consolidação para enfrentar a forte concorrência de plataformas da China, como a Shein ou a Temu, que têm capitalizado as consequências da alta inflação e do crescimento rápido das vendas de moda na Internet, graças a uma oferta de baixo custo.

Os portugueses não conseguem comprar na Zalando com base numa morada portuguesa, porque este operador não expede para Portugal, ao contrário da About You – cujos accionistas de referência (representantes de 73% do capital) já disseram que aceitam a oferta e que vão recomendar aos restantes accionistas a venda da totalidade do capital.

Por não operar em Portugal, a Zalando é poucas vezes notícia por cá. Mas, em 2020, foi amplamente noticiada a decisão do então presidente executivo, Rubin Ritter, de pôr fim à sua carreira na empresa, aos 38 anos, para se dedicar à família e dar "prioridade à carreira da mulher".

De acordo com a proposta de compra, a Zalando oferece 6,50 euros por acção da About You, o que representa um prémio de quase 70% face à cotação de fecho da About You na terça-feira.

Na bolsa, as acções desta última dispararam 66,15%, nesta quarta-feira, de 3,95 euros para 6,48 euros (perto do valor oferecido pela Zalando). Os títulos da Zalando chegaram a cair 9,2%, mas acabaram o dia a recuperar e a fechar em terreno positivo, com uma subida de 1,63% da cotação, para 34,99 euros por acção.

Segundo alguns analistas, a quebra deveu-se a receios de que a proposta de compra fosse demasiado generosa para um pequeno rival que apresenta resultados negativos.

Se o negócio se concretizar, o comprador pagará cerca de 1200 milhões de euros. Há quem levante dúvidas sobre eventuais entraves à viabilização do negócio, devido à concentração no mercado alemão, mas as partes estão confiantes de que terão luz verde.

A ideia é manter as duas marcas separadamente presentes no mercado, "cobrindo uma maior fatia de um mercado europeu de moda, avaliado em 450 mil milhões de euros", diz o comprador. "Com esta aquisição, aumentamos a nossa escala e ganhamos capacidades complementares, alinhadas com a nossa aposta", afirma Robert Gentz, co-fundador da Zalando, lembrando que, em Março deste ano, a empresa tinha dito que a sua meta era transformar-se numa plataforma de moda e estilo de vida pan-europeia, com dois vectores de crescimento: a venda directa ao consumidor final (B2B); e o papel de intermediário entre empresas (B2).

A Zalando nasceu em 2008 e tinha, no final de 2023, quase 50 milhões de utilizadores activos em 25 mercados europeus – quem quiser ter um termo de comparação, pode levar em conta que a Farfetch, antes da insolvência, tinha cerca de três milhões de clientes activos.

Além disso, explora mais de uma dezena de outlets em cidades alemãs. Facturou mais de 10.100 milhões de euros em 2023, segundo as contas oficiais. O lucro desse ano foi de 83 milhões de euros, depois de resultados líquidos positivos de 99,7 milhões em 2019, de 226,1 milhões em 2020, de 234,5 milhões em 2021 e de 16,8 milhões em 2022. Tinha quase 15 mil funcionários em 2023.

A About You nasceu mais tarde, em 2014, sendo subsidiária do grupo Otto, que explora vendas por catálogo, comércio electrónico e operações de logística e no sector financeiro. Direccionado a um consumidor mais jovem, tinha 12,3 milhões de utilizadores, segundo as contas do último exercício. Facturou 1935 milhões de euros, mas registou um prejuízo de 652,3 milhões. Tinha 1233 empregados no final de 2023.

A proposta de compra parte do princípio de que é possível criar sinergias de 100 milhões de euros ao fundir operações na logística, na infra-estrutura de pagamentos e na vertente comercial.

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