É oficial: Portugal vai receber Mundial 2030 — mas não sabe que retorno financeiro terá

O Governo diz que desconhece quanto terá de investir ou quanto será o retorno, mas acredita que o saldo seja positivo. Uma meia-final no Estádio da Luz também ainda não é garantida.

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O ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, durante o evento ANTÓNIO COTRIM / LUSA
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“Não quero ser eu a dizer”. “O Governo vai fazer a sua avaliação”. “Não quero adiantar nada sobre isso”. Estas foram frases ouvidas nesta quarta-feira, na Cidade do Futebol, sobre o retorno financeiro que o país terá por organizar o Mundial 2030 de futebol, oficialmente atribuído à candidatura ibérico-marroquina através da votação no Congresso da FIFA.

Na Cidade do Futebol, na celebração da vitória de Portugal, Espanha e Marrocos na corrida à organização do Mundial, o evento estava desprovido de grande carga noticiosa – esta candidatura concorria sozinha, pelo que todos já sabiam que seria a vencedora na votação da FIFA.

Havia, portanto, o interesse de saber algo mais do que isso, nomeadamente que tipo de retorno económico haverá para o país. Pedro Duarte, ministro dos Assuntos Parlamentares, e António Laranjo, coordenador da candidatura, não quiseram comprometer-se com valores. O primeiro diz que ainda não sabe os valores e o segundo sabe, mas não os divulga.

O representante do Governo chutou a bola para a Federação Portuguesa de Futebol (FPF): “Há estudos que a FPF desenvolveu, mas não quero ser eu a dizer”. “No Governo, vamos fazer a nossa avaliação, mas todos os indicadores que temos mostram que, face ao investimento, o retorno será muitíssimo favorável”, acrescentou, sem avançar valores.

Já António Laranjo apontou que o estudo foi feito por uma entidade independente. Mas só isso. “Não quero adiantar mais. Vamos tornar público em breve”.

O ministro apontou mesmo que o Governo até está disponível para investir. Quanto? Também não sabemos – para já. “Podemos organizar o evento sem investimento significativo. O Estado está comprometido com o sucesso do evento e não está de fora de qualquer investimento necessário, mas será sempre residual. Eventualmente precisaremos de algum investimento, mas algo natural na modernização de infra-estruturas. O investimento necessário contra o eventual retorno será muito positivo”.

Meia-final na Luz? Para já, não

Que outras notícias poderiam sair deste evento? Talvez a confirmação ou negação de que Portugal vai receber uma das meias-finais do Mundial, aproximando-se do estatuto de Marrocos nesta candidatura, ou se vai ser estar num terceiro patamar de relevância. Mas também isso ficou por esclarecer.

Laranjo remeteu a decisão para a FIFA. “Na candidatura, Portugal disponibiliza-se para receber uma meia-final. Mas a decisão agora é da FIFA”, apontou. E avançou que não haverá decisão em breve: “A decisão só deverá ser conhecida já muito próximo do Mundial".

O Estádio da Luz é o único com condições para receber uma meia-final, que requer pelo menos 60 mil lugares, e Laranjo aponta que a expansão de 65 mil para 70 mil, anunciada recentemente pelo presidente do Benfica, pode ajudar. “A FIFA não deixará de ter isso em consideração”, crê.

Dragão com melhorias

A maior novidade, e mesmo assim não o é por completo, é que André Villas-Boas, presidente do FC Porto, também presente no evento, anunciou que o Estádio do Dragão será modernizado.

“Contamos fazer grandes melhorias infra-estruturais no estádio. Tudo vai ser melhorado em termos de experiência para o adepto no Dragão. Haverá melhoria de camarotes, hospitalidade, serviços e acessibilidade”, contou aos jornalistas.

Nota final para a tirada de Pedro Duarte, que aproveitou a ocasião para falar de multiculturalidade. “Está em causa o melhor que tem o nosso povo. Continuamos a ser um povo aberto a outras culturas e dinâmicas sociais, culturais e económicas. Estamos a falar de uma candidatura com um país irmão [Espanha] e um de outro continente [Marrocos], que tem distâncias culturais, mas com quem temos mantido uma relação excepcional”.

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