ARCOmadrid com cheiro a Amazónia mas sem galerias Filomena Soares e Carlos Carvalho
A 44.ª edição da feira de arte contemporânea realiza-se de 5 a 9 de Março com a presença de 15 galerias portuguesas.
A 44.ª Feira de Arte Contemporânea ARCOmadrid, que decorrerá entre 5 e 9 de Março na capital espanhola, terá 14 galerias portuguesas representadas entre as 179 que compõem o seu programa geral, às quais se junta a lisboeta No-No, seleccionada para a Opening, a secção que põe o foco em galerias emergentes.
No programa geral, ao contrário do ano passado, não estarão presentes nem Filomena Soares, uma veterana das galerias nacionais, nem Carlos Carvalho, que tem apostado mais na fotografia, ambas de Lisboa. A feira de Madrid, tal como a de Lisboa, é dirigida pela espanhola Maribel López, que conta com um comité de selecção de onze membros para escolher as galerias do programa geral, entre os quais está a portuguesa Vera Cortês.
A Filomena Soares, que foi a Madrid mais de 25 anos seguidos, termina este ano a sua ligação à feira. "Não participamos mais na ARCO, nem em Madrid, nem em Lisboa. A nossa ligação começou em 1998 e termina aqui", disse ao PÚBLICO Manuel Santos, director da galeria, não esclarecendo se apresentaram a sua candidatura ao comité de selecção. A Filomena Soares representa em Portugal, por exemplo, artistas como Rui Chafes, Fernanda Fragateiro ou Sara Bichão.
Já a Carlos Carvalho, revela que se candidatou ao programa geral e assume a sua desilusão. "Fizemos mais de 20 feiras da ARCOmadrid. Estivemos em 2023 e 2024, mas não em 2022. Candidatámo-nos para o próximo ano e não fomos escolhidos. Sinceramente, acho injusto, mas não vou fazer drama disso", afirmou Carlos Carvalho, que representa artistas como Mónica de Miranda, que representou Portugal na última Bienal de Veneza.
No programa geral, marcam presença, no que a galerias nacionais diz respeito, a 3+ 1 Arte Contemporânea, Balcony, Bruno Múrias, Cristina Guerra, Foco, Francisco Fino, Kubikgallery, Lehmann, Madragoa, Miguel Nabinho, Pedro Cera, Vera Cortês, Jahn und Jahn, sedeada em Munique, mas com representação em Lisboa, e a Monitor, nascida na capital italiana mas com extensões em Lisboa e Pereto.
A edição 2025 terá como tema central a Amazónia, o que é concretizado num programa com curadoria de Denilson Baniwa e María Wills, em colaboração com o Institute For Postnatural Studies (Instituto para Estudos Pós-Naturais), com sede em Madrid, que tem por título Wametisé: Ideias para um Amazofuturismo ("wametisé" significa "lugares sagrados"). Pretende-se que os 24 artistas presentes no programa espelhem “novas formas de criação que representem existências híbridas, entre corpo humano, vegetal e metafísico”, lemos no comunicado enviado pela ARCOmadrid à imprensa. Entre os artistas e colectivos escolhidos, a feira anuncia a presença do Colectivo Makku, o grupo de artistas indígenas que na última Bienal de Arte de Veneza fizeram da fachada do Pavilhão Central dos Giardini um grande mural, de Dhiani Pa’saro ou de Duhigó, mas também artistas indígenas de outras geografias, como Carlos Jacanamijoy, ao lado de nomes como a fotógrafa Claudia Andujar e o designer Carlos Motta.
Com curadoria de Cristina Anglada e Anissa Touati, a secção Opening acolhe a No-No. Acompanham-na outras revelações, como a Callirrhoë (Grécia), El Chico (Espanha), Brigitte Mulholland (França) e a Reservoir (África do Sul).
A ARCOmadrid continuará a olhar com especial atenção para a América Latina, lembra o comunicado. A secção Perfis/Arte Latino-Americana, que tem como curador José Esparza Chong Cuy, revela uma dezena de artistas, entre os quais Bárbara Sánchez Kane (Kurimanzutto), Dan Lie (Barbara Wien), Chaveli Sifre (Embajada), Mariela Scafati (Isla Flotante), Jota Mombaça (Martins&Montero), Ofelia Rodríguez (Instituto de Visión) e Nereyda López (Crisis), alguns dos quais se cruzam com a secção dedicada à Amazónia.