Estudantes exigem fim dos combustíveis fósseis até 2030 em carta ao governo

Mais de 900 estudantes já assinaram o documento que será entregue na próxima sexta-feira. Se o governo não agir até Abril de 2025, prometem paralisar várias escolas do país durante duas semanas.

Foto
Estudantes exigem o fim da queima dos combustíveis fósseis até 2030 por um "planeta habitável" Matilde Fieschi
Ouça este artigo
00:00
03:35

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

Um grupo de estudantes de várias escolas vai entregar ao Governo na próxima sexta-feira uma carta na qual exige que o executivo se comprometa com um plano para acabar com a queima de combustíveis fósseis até 2030.

A carta do movimento Fim ao Fóssil, segundo um comunicado divulgado esta terça-feira, já tem mais de 900 assinaturas de estudantes que apoiam ou estão comprometidos com o bloqueio da entrada em escolas no próximo semestre, e a recolha de assinaturas, diz o movimento, vai continuar até à Primavera.

Segundo o comunicado, os estudantes prometem que, caso o Governo não se comprometa com a reivindicação até ao final de Abril de 2025, irão iniciar um período de duas semanas de paralisação das escolas por todo o país, como já tem acontecido em protestos anteriores.

Na sexta-feira, um grupo de representantes dos estudantes de diversas escolas básicas, secundárias e faculdades de Lisboa que subscreveram a carta vão juntar-se na residência oficial do primeiro-ministro, em São Bento, para entregar o documento. De acordo com o movimento estudantil, um pedido de reunião com o primeiro-ministro ficou sem resposta.

No e-mail enviado a Luís Montenegro a pedir a reunião, o movimento Fim ao Fóssil diz que a crise climática em breve será irreversível e que os jovens reivindicam "o direito a uma vida que valha a pena viver" e a um futuro para o qual estão a estudar.

"Não desistiremos do nosso futuro. E vocês?"

Na carta que vai ser entregue na sexta-feira, os jovens recordam as marchas de 2019 em todo o mundo exigindo respostas dos governos à crise climática e a falta dessas respostas, recordam o recorde de emissões de combustíveis fósseis do ano passado, recordam que o Verão passado foi o mais quente de sempre, os incêndios e as mortes.

"A menos que cortemos drasticamente as emissões de gases com efeito de estufa, não há possibilidade de termos o futuro para o qual estamos a estudar. Estamos assustadas, estamos com raiva e não vamos desistir do mundo que os governos estão a destruir", dizem na carta, afirmando que os estudantes que nasceram já em catástrofe climática são a última geração que a pode parar.

"Não permitiremos que vocês roubem o nosso direito a um planeta habitável, a uma vida que valha a pena viver, ao futuro para o qual estamos a estudar e a tudo o que sonhamos poder ser", dizem na carta.

Reivindicando um plano para acabar com a queima de combustíveis fósseis em Portugal até 2030, através de uma transição justa, os jovens avisam no documento que, sem isso, no final de Abril irão iniciar um período de duas semanas de paralisação das escolas, uma "acção legítima e necessária" para alcançar a reivindicação.

"Também entendemos que se vocês nos continuarem a falhar, isto será apenas o começo. Nós não desistiremos do nosso futuro. E vocês?", questionam na carta.

Na sexta-feira, o movimento Fim ao Fóssil fará também uma assembleia estudantil à porta da residência oficial do primeiro-ministro para falar sobre próximos passos e como mais estudantes se poderão envolver.

Ano mais quente de sempre

O observatório europeu Copérnico anunciou que é já certo que 2024 será o ano mais quente desde que há registos. Depois do segundo Novembro mais quente à superfície do planeta, "é de facto certo" que a temperatura média ao longo do ano "excederá em mais de 1,5 °C o nível pré-industrial", disse o Serviço para as Alterações Climáticas (C3S) do Copérnico, no seu boletim mensal.

Em Novembro, também a Organização Meteorológica Mundial (OMM) alertou que 2024 se encaminha para ser o ano mais quente desde que há registos, com a temperatura média global junto à superfície ainda mais alta do que em 2023.

As actuais políticas das nações poderão estar a levar o mundo para um aquecimento "catastrófico" de 3,1°C ao longo do século, ou de 2,6°C, mesmo que as promessas sejam cumpridas, de acordo com o Programa das Nações para o Ambiente.