Rendimento da actividade agrícola deverá crescer 14,7% este ano, mas devido a subsídios
Em 2024, a previsão do INE é que o valor acrescentado bruto cresça muito ligeiramente (1%), enquanto subsídios pagos à produção sobem 128,4%.
O rendimento da actividade agrícola, em termos reais, por unidade de trabalho/ano (UTA), deverá aumentar 14,7% em 2024, mas esta subida é explicada, essencialmente, pelo aumento de subsídios à produção a pagar ao longo do ano, que regista um crescimento de 128,4%, revela nesta terça-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE).
Segundo a primeira estimativa das Contas Económicas da Agricultura para 2024, a evolução do valor acrescentado bruto do sector terá sido bem mais modesta, de apenas 1%.
Relativamente à produção vegetal, a estimativa aponta para uma evolução nominal negativa (-1,4%), que resulta de um acréscimo em volume de 5,1%, e de uma redução dos preços de base (-6,2%). Para este decréscimo foi determinante “os vegetais e produtos hortícolas, as plantas forrageiras e o azeite”, refere o INE.
Já as estimativas de produção de cereais apontam para um aumento em volume (10,5%), para o que contribuiu a generalidade dos cereais, à excepção do milho (-14,8%), a beneficiar de condições meteorológicas favoráveis, e os preços de base terão aumentado 2,5%.
Bem mais expressivo deverá ser o aumento da produção em valor (19,6%) das plantas industriais, principalmente devido ao crescimento dos preços em 22,7%. O aumento foi relativamente generalizado, “com destaque para as proteaginosas e cana-de-açúcar”, refere o organismo, que dá conta de que, “relativamente ao girassol, o ano não propiciou uma boa produção, pelo que se prevêem decréscimos do volume e do preço (-20,4% e -2,2%, respectivamente)”.
As condições climáticas favoráveis também explicam o acréscimo de produção nas plantas forrageiras (mais 9,6% em volume), e os preços diminuíram (-30,5%), após um aumento de 29,8% em 2023.
Para os vegetais e produtos hortícolas prevê-se um aumento em volume (8,1%), que reflectindo, sobretudo, a evolução dos hortícolas frescos, nos quais se destaca o tomate para indústria, cuja produção deverá aumentar 3,5% devido ao alargamento da área cultivada em 5%, uma vez que a produtividade e respectiva qualidade diminuíram. “A redução do preço dos vegetais e produtos hortícolas (-9,4%) deve-se fundamentalmente aos hortícolas frescos (-14,2%)”, uma descida que acontece depois de, em 2023, o preço dos hortícolas frescos ter aumentado 23,2%.
Em queda esteve a produção de batata (-6,4% em volume,) em consequência de decréscimos de área e produtividade nas principais regiões produtoras, tendo a área plantada atingido “o valor mais baixo da série”. Já os preços deverão ter aumentado 5%, reflectindo a redução da produção.
Nos frutos prevê-se um acréscimo da produção em volume (7,3%), com forte contributo para as azeitonas (27,1%).
No sector do vinho, as vindimas decorreram com normalidade, estimando-se um decréscimo de produção face ao ano anterior (-5,0%), e apesar de alguns problemas fitossanitários, são esperados vinhos de boa qualidade.
A produção animal deverá registar um acréscimo em volume (3,6%) e uma diminuição dos preços de base (-3,5%), resultando numa estabilização do valor, com as estimativas nos bovinos a apontar para um acréscimo em volume face a 2023 (5,3%), nos suínos estima-se um acréscimo em volume (5,2%). Nos ovinos e caprinos, perspectiva-se um acréscimo da produção em volume (15%) e nas aves de capoeira prevê-se um acréscimo do volume (5,5%), fundamentalmente devido a uma maior produção de frango e de peru (produção particularmente afectada por problemas sanitários em 2023).