Jota.pê numa Visita inesperada a Portugal para gravar com Teresinha Landeiro
Com três Grammy Latinos arrecadados este ano com o disco Se o Meu Peito Fosse o Mundo, o brasileiro Jota.pê gravou com Teresinha Landeiro uma canção dela, em dueto.
Tocou em Portugal pela primeira vez em 2022 e desde então tem repetido a experiência todos os anos. Cantor e compositor brasileiro, Jota.pê estreou-se a solo nos palcos portugueses com concertos em quatro cidades (Porto, Lisboa, Coimbra e Ovar), regressou em 2023 em dupla com Bruna Black, com o projecto ÀVUÀ, e em Abril deste ano actuou no Porto (M.Ou.Co), em Coimbra (Salão Brazil) e em Lisboa (Musicbox). Agora, já em Dezembro, regressou mas com outros objectivos: promover o seu mais recente álbum, Se Meu Peito Fosse O Mundo (2024), com o qual ganhou três prémios nos Grammy Latinos, e gravar um dueto em estúdio com a fadista Teresinha Landeiro em Visita Inesperada, com produção de André Santos.
Se o Meu Peito Fosse o Mundo foi lançado como álbum em Março deste ano, embora, com o mesmo título, as cinco primeiras canções do disco já tivessem sido publicadas num EP em 2023. “O raciocínio foi lançar o disco como e se fosse um vinil, com lado A e lado B”, diz Joata.pê ao PÚBLICO. “Então a gente lançou o lado A como EP, no final do ano passado, em Outubro, e lançámos o álbum completa, com as faizas que faltavam, em Março deste ano.”
O disco acabou por ganhar três Grammy Latinos (Melhor Álbum de Música Popular Brasileira / Música Afro-Brasileira, Melhor Álbum de Engenharia de Gravação, Melhor Canção Em Língua Portuguesa com Ouro Marrom), prémios que Jota.pê recebeu com alegria, mas que só vieram sublinhar o relevo deste disco no seu trabalho: “Mesmo sem a premiação já era o álbum da minha vida. Porque foi o primeiro disco que fiz com tempo, com carinho, em que pude finalmente me dedicar a todos os processos dele para que se tornasse o álbum que se tornou. Ter três prémios foi muito bonito, porque é um trabalho a muitas mãos, teve muitas pessoas envolvidas no disco, profissionais incríveis, músicos, produtores. E isso me dá tranquilidade para continuar fazendo música, fazendo o que eu amo, do jeito que acredito.”
Das dez faixas do disco, três são integralmente da autoria de Jota.pê (Um dois três, Ouro marrom e Quem é Juão) e cinco resultam de parcerias entre ele e outros autores: Tá aê, com Theodoro Nagô; Feito a maré, com José Gil, filho de Gilberto Gil e membro dos Gilsons; O que será de nós dois, com Rafa Castro; Caminhos, com João Cavalcanti; e Banzo, com Caroline Oliveira Silva. Esta, por sua vez, assina letra e música de outra canção, Naíse, havendo um tema, A ordem natural das coisas, da autoria de Damien Seth e Emicida.
“Eu tenho poucas parcerias, mas é uma oisa que estou procurando fazer mais”, comenta Jota.pê. “O feito a maré, com o José Gil, foi uma parceria que me deixou muito feliz, porque quando terminei a música percebi que gostei muito do resultado e eu sabia que se a tivesse feito sozinho nunca chegaria àquele resultado. Então, me senti mais à vontade e mais animado para fazer outras parcerias, para descobrir o que outras coisas poderia fazer desse modo.”
Na produção, esteve um trio composto por Felipe Vassão, Rodrigo Lemos e Marcus Preto. “Na verdade, foi bem engraçado”, diz. “Eu escolhi cada um das pessoas do disco, tanto a banda, quanto os produtores; e a maior parte deles, tanto os músicos quanto os produtores, nunca haviam trabalhado juntos. A gente fez a gravação numa fazenda que é um estúdio, no Brasil, e ficou todo o mundo junto, lá, uma semana e meia, enquanto gravava. Quando percebi que muita gente não se conhecia, pensei que ia dar muito errado, mas deu muito certo.”
A par do disco, a vinda de Jota.pê a Portugal deveu-se também a um convite para gravar com Teresinha Landeiro, em dueto, uma canção que ela originalmente gravara no seu mais recente álbum, Para Dançar e para Chorar, lançado no início deste ano. “Foi um convite que veio da nossa gravadora, na vontade de unir o trabalho da Teresinha com o de um artista brasileiro”, diz Jota.pê. “Ela gostou do meu trabalho e a partir desse convite fui conhecer o trabalho dela, vim para cá gravar e amei. A Teresinha é das cantoras mais incríveis que já ouvi na minha vida, canta lindamente, e a composição é linda. Foi a primeira vez que gravei um fado. Conheço o fado há mais tempo, desde Carminho, mas gravar um fado foi muito especial.”
Para 2025, a agenda de Jota.pê já começa a ficar carregada. “Logo em Janeiro, estou indo para o Uruguai, para cantar o Jorge Drexler num festival, La Serena, já tenho três shows marcados no Brasil para Janeiro, dois em São Paulo e um no Rio, tenho festivais marcados até Setembro e a gente está preparando uma tournée na Europa.” Portugal incluído? “Com certeza! Um dos lugares que mais amo no mundo é Lisboa e não admito passar pela Europa sem ir a Portugal.”