Pedro Pinto responde a PSD que Chega não dá “colinho ao PS”
Líder parlamentar do Chega defende que “faltam meios” para o combate à corrupção e pediu “um reforço sério de meios humanos nos tribunais, particularmente dos oficiais de justiça”.
O líder parlamentar do Chega recusou esta segunda-feira as acusações do social-democrata Hugo Soares, afirmando que o seu partido não dá "colinho ao PS", e acusou o PSD de estar em "conluio com a corrupção na Madeira".
"Nós não temos conluio nenhum com o PS, não temos conluio nenhum com o PSD, não damos colinho ao PS mas também não temos conluio nem damos colinho à corrupção", afirmou Pedro Pinto no discurso que fechou o primeiro dia das jornadas parlamentares do Chega, que não contou com a presença do presidente do partido.
O líder parlamentar do Chega respondeu, a partir de Coimbra, ao líder parlamentar do PSD, que tinha acusado o PS de "hipocrisia política" por "lançar ferozes ataques" contra forças extremistas quando anda "todas as sextas-feiras" a "saltar para o colo" do Chega no Parlamento. Hugo Soares considerou que os dois partidos são cúmplices também na Madeira, onde o orçamento regional foi esta segunda-feira chumbado, com os votos contra de PS, Chega, JPP, IL e PAN.
Pedro Pinto afirmou que Hugo Soares "é um tipo que ultimamente tem tido umas piadas" e assinalou que "quem aprovou o Orçamento do Estado, este orçamento do PSD, foi o PS, quem viabilizou este orçamento foi o PS".
O deputado do Chega criticou também o social-democrata por ter dito que a situação do líder do Governo Regional, Miguel Albuquerque, (que é suspeito de corrupção) é "absolutamente confortável".
"Este PSD dá o seu colinho à corrupção, tem o conluio com a corrupção na Madeira. Nós combateremos sempre, sempre, sempre a corrupção e combateremos sempre este governo da Madeira, porque é um governo corrupto, quer Miguel Albuquerque, quer os seus secretários regionais. Não contem connosco", salientou.
Na sua intervenção numas jornadas focadas no tema da corrupção, Pedro Pinto apontou críticas também à actuação do Governo liderado por Luís Montenegro.
"A este Governo do PSD não lhes interessa fazer nada. Eles falam muito de corrupção mas não têm interesse nenhum. É propaganda barata, banha da cobra apenas o que este Governo da AD tem vendido", acusou.
O presidente do grupo parlamentar do Chega considerou que a corrupção é um problema "endémico em Portugal" e "foi normalizado", o que considerou ser um factor preocupante".
"Há 50 anos que temos democracia, e temos 50 anos de corrupção", defendeu.
No Dia Internacional Contra a Corrupção, o líder parlamentar do Chega referiu-se também a declarações da ministra da Justiça –que anunciou a criação de um grupo de trabalho no próximo ano para a revisão do Código de Processo Penal.
"Parece que é para rir, mas é a grande verdade. Mais uma vez a ministra da Justiça deste Governo da AD diz que a criação de um grupo de trabalho vai ser fundamental para resolver o problema da corrupção em Portugal, nada mais errado", sustentou.
Pedro Pinto considerou que "faltam meios" para o combate a este crime e pediu "um reforço sério de meios humanos nos tribunais, particularmente dos oficiais de justiça".
E defendeu também a necessidade de "tribunais especializados", "cruzamento de dados", "mais tecnologia", bem como "prazos mais rigorosos" e "menos burocracia".
Durante a tarde deste primeiro dia das jornadas parlamentares do Chega – que terminam na terça-feira – foram debatidas as causas e as formas de combater a corrupção.
A regulação do lobbying foi um dos temas abordados. Um dos convidados, Ricardo Martins, da Ordem dos Advogados, insistiu nesta necessidade, considerando que trará maior transparência ao processo legislativo, e Nuno Barroso, da Associação Sindical dos Profissionais da Inspecção Tributária e Aduaneira, concordou.
O Chega entregou, na semana passada, um projecto de lei para que o Parlamento regule a representação de interesses, mas o deputado Gabriel Mithá Ribeiro defendeu que, antes desse passo ser dado, deve haver "um debate social profundo", e argumentou que, "para o lobbying funcionar, a justiça tem de ser célere".
De seguida, o deputado Nuno Gabriel disse ter "algumas dúvidas" porque esta é uma "matéria tão complexa" e considerou que, apesar de a proposta apresentada pelo seu partido ser "muito boa", será também necessário "regular um conjunto de coisas à volta, porque regulamentar o lobbying "stricto sensu" não fará [efeito]".