Mundial 2030: estádios portugueses recebem investimentos infra-estruturais
Estádios da Luz, de Alvalade e do Dragão vão ser intervencionados, com obras de melhoramento. Oficialização da vitória da candidatura ibérico-marroquina agendada para quarta-feira.
Os estádios de Benfica, FC Porto e Sporting vão receber investimentos infra-estruturais antes do Mundial de Futebol de 2030, cuja organização ibero-marroquina será formalizada, sem oposição, na quarta-feira, no Congresso da FIFA.
Edificados de raiz para o Euro 2004, a principal competição futebolística já organizada em Portugal, os recintos de "águias" e "leões", ambos em Lisboa, e dos "dragões", no Porto, fazem parte do livro da única candidatura à realização do Mundial 2030, ladeando 11 palcos de nove cidades de Espanha, mais seis de outros tantos municípios de Marrocos.
Além de pertencerem aos três "grandes", o Estádio da Luz, o maior recinto desportivo português, com quase 65 mil lugares, e os Estádios do Dragão e José Alvalade, ambos com capacidades próximas dos 50 mil, são os únicos no país a cumprirem as exigências da FIFA para acolherem jogos da 24.ª edição do principal torneio planetário de selecções.
De acordo com os cadernos de encargos para as organizações de Mundiais, os estádios candidatos devem albergar, no mínimo, 80 mil espectadores para finais e cerimónias de abertura, 60 mil para jogos a partir dos quartos-de-final e pelo menos 40 mil nos restantes.
Entre 26 e 27 de Maio, antes e depois de os respectivos clubes terem anunciado medidas de renovação infra-estrutural, Luz, Dragão e Alvalade foram visitados por uma delegação da FIFA, em conjunto com a comissão de candidatura, comandada por António Laranjo.
Transformação faseada em Alvalade
O estádio do campeão nacional, Sporting, acolheu a primeira dessas três vistorias técnicas, tendo a direcção de Frederico Varandas divulgado, em Setembro, a intenção de lançar um concurso para a remodelação daquele espaço, inserida no plano estratégico 2024-2034.
O fecho do fosso antes do início da próxima época e a remoção dos dois ecrãs gigantes originais nos topos vão possibilitar mais 2000 cadeiras nas bancadas, com as novidades na experiência dos fãs a incluírem ainda "lounges" de acesso exclusivo, um "hall VIP" com vista para a entrada dos jogadores, lugares junto aos bancos de suplentes e novos ecrãs.
A transformação sem precedentes de Alvalade está a decorrer de forma faseada desde 2020 e já originou mudanças no perímetro exterior, incluindo a remoção de fachadas em azulejo, novas pinturas e o aumento do número de portas, bem como a substituição de torniquetes, a troca integral de cadeiras multicolores por outras verdes e a instalação de um sistema de iluminação com LED, por entre obras em espaços complementares e acessos.
O investimento em curso era de 7,4 milhões de euros (ME) em 30 de Junho, segundo o mais recente relatório financeiro da Sporting SAD, que viu os sócios do clube aprovarem em Outubro a recompra por 17 ME do Alvaláxia, centro comercial anexo ao estádio, no qual deverá ser construído o novo museu dos "leões", após ter sido alienado em 2007.
No mesmo dia da visita a Alvalade, a FIFA passou pela Luz, que vai crescer em cinco mil lugares, até aos 70.000, conforme revelou em 30 de Novembro o presidente do Benfica, Rui Costa, sem especificar os moldes, custos e duração desse investimento.
As elevadas afluências nos jogos dos "encarnados" e a falta de lugares cativos sustentam a ampliação do recinto, que já tinha acrescentado quase mil cadeiras este ano junto às zonas destinadas às pessoas com deficiência, depois das alterações de 2023 ao sistema sonoro e de iluminação, com dois novos ecrãs e painéis LED entre cada anel.
Alterações em sete recintos
Em Abril, o líder da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Fernando Gomes, anunciou que o Estádio da Luz receberia uma das meias-finais do Mundial 2030, cenário do qual estão afastados Alvalade e Dragão, onde o FC Porto já tem mudanças contratualizadas.
Ao adquirir 30% da Porto Stadco SA, a sociedade espanhola Ithaka Infra III ficará a cargo da exploração comercial do recinto por 25 anos, num acordo inicial fixado em 65 ME pela anterior gestão de Pinto da Costa, mas, posteriormente, renegociado pela direcção de André Villas-Boas, que recebeu 50 ME em Outubro e pode, no limite, chegar aos 100 ME.
A parceria incide sobre receitas e custos de exploração associados à bilhética, ao "corporate hospitality" e aos direitos de designação do Dragão, além de outros contratos de sponsorização que decorram do estádio e das visitas recebidas, do museu do clube ou da organização de eventos não desportivos.
No final da recepção à FIFA, o vice-presidente do FC Porto, João Borges, salientou que a presença do Estádio do Dragão no Mundial 2030 viabilizará bem-feitorias nas instalações, que já tinham recebido pequenas obras de manutenção para a recepção da final da edição 2020-21 da Liga dos Campeões, tal como sucedeu na Luz nas épocas 2013-14 e 2019-20.
Sete dos palcos de Espanha na candidatura "Yalla Vamos" receberão ou já tiveram mudanças profundas em curso, envolvendo o Santiago Bernabéu, em Madrid, e o Camp Nou, em Barcelona, dois dos três estádios propostos para a final ou o jogo de abertura.
A outra alternativa é o futuro Grand Stade Hassan II, em Casablanca, que acompanha mais cinco recintos em Marrocos, todos integrados na organização da Taça das Nações Africanas (CAN) de 2025, dos quais um, em Rabat, ainda está a ser construído de raiz.
Organizado pela primeira vez por seis países e três continentes, o Mundial 2030 celebrará o centenário da prova com três jogos na América do Sul, para os quais estão escalados o Monumental de Buenos Aires, na Argentina, o Defensores del Chaco e o novo Estádio Nacional, ambos em Asunción, no Paraguai, e o Centenario, em Montevideu, no Uruguai, anfitrião e vencedor da primeira edição, em 1930.