Moçambique: pelo menos 88 mortos e 274 baleados desde 21 de Outubro
Nova fase de protestos decorre até 11 de Dezembro em Moçambique.
Pelo menos 88 pessoas morreram e 274 foram baleadas durante as manifestações e paralisações de contestação aos resultados eleitorais desde 21 de Outubro em Moçambique, indicou, nesta sexta-feira, a organização não-governamental (ONG) Plataforma Eleitoral Decide.
De acordo com o relatório divulgado por aquela plataforma de monitorização eleitoral moçambicana, envolvendo outras ONG como o Centro de Integridade Pública (CIP), o Centro para a Democracia e Direitos Humanos (CDD) e a Amnistia Internacional, com dados até 4 de Dezembro, há ainda registo 3.450 detidos neste período.
O candidato presidencial Venâncio Mondlane apelou para uma nova fase de contestação eleitoral de uma semana, que decorre entre 4 e 11 de Dezembro, em “todos os bairros” de Moçambique, com paralisação da circulação automóvel das 8h às 16h (menos duas horas em Lisboa).
“Todos os bairros em actividade forte”, disse Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados anunciados das eleições gerais de 9 de Outubro, numa intervenção através da conta oficial na rede social Facebook.
“Vão-se concentrar nos bairros e nas avenidas principais que atravessam os nossos bairros, - não temos necessidade de fazer grandes deslocações - levantando os nossos cartazes”, disse Venâncio Mondlane.
Tal como aconteceu na fase anterior de contestação, de 27 a 29 de Novembro, o candidato presidencial pediu que as viaturas parem de circular das 8h às 15h30 (menos duas horas em Lisboa), seguindo-se então 30 minutos para se entoar os hinos de Moçambique e de África nas ruas, o que se verificou nos últimos dois dias em várias artérias centrais, nomeadamente, de Maputo.
“Vamo-nos manifestar de forma ininterrupta, sem descanso. Vão ser sete dias cheios (…). Todas as viaturas, tudo o que se move, fica parado”, insistiu, pedindo aos automobilistas para colarem cartazes de contestação nas viaturas que circulem até às 8h e depois das 16h.
O anúncio pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Moçambique, em 24 de Outubro, dos resultados das eleições de 9 de Outubro, em que atribuiu a vitória a Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde 1975) na eleição para Presidente da República, com 70,67% dos votos, espoletou protestos populares, convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane e que têm degenerado em confrontos violentos com a polícia.
Segundo a CNE, Mondlane ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas este não reconhece os resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.