Projecto Paraíso, Hoje. representa Portugal na Bienal de Veneza de Arquitectura 2025
Comissão nomeada pelo Ministério da Cultura escolheu proposta dos curadores Paula Melâneo, Pedro Bandeira e Luca Martinucci, e dos curadores-adjuntos Catarina Raposo e Nuno Cera.
O projecto Paraíso, Hoje., dos curadores Paula Melâneo, Pedro Bandeira e Luca Martinucci, e dos curadores-adjuntos Catarina Raposo e Nuno Cera, foi escolhido para a representação oficial de Portugal na Bienal de Veneza de Arquitectura em 2025, foi anunciado esta sexta-feira pelo Ministério da Cultura (MC).
A candidatura foi seleccionada por uma comissão de apreciação constituída pelos arquitectos Ana Jara, Ana Vaz Milheiro, Diogo Passarinho, Inês Lobo e Luís Santiago Baptista, que fizeram parte do grupo de trabalho responsável pela selecção das três propostas finalistas, de um total de 31 recebidas na primeira fase, diz o comunicado do MC.
Para a 19.ª Exposição Internacional de Arquitectura, a decorrer entre 10 de Maio e 23 de Novembro de 2025, com a curadoria geral de Carlo Ratti, sob o tema Intelligens. Natural. Artificial. Collective, a representação oficial portuguesa contará com um montante global de 425 mil euros.
A partir desta edição, e durante três anos, a representação oficial portuguesa passará a ter lugar no Fondaco Marcello, edifício histórico localizado junto ao Grande Canal, em Veneza, onde, entre 2007 e 2012, Portugal apresentou anualmente na Bienal os seus projectos oficiais das mostras de arte e de arquitectura.
De acordo com a descrição da candidatura, Paraíso, Hoje. "explora criticamente a contemporaneidade enquanto 'paraíso', considerando que vivemos nas melhores condições de sempre, impulsionados por tecnologias avançadas. No entanto, coexistem iniquidade e exploração desmedida de recursos – um paraíso paradoxal onde evolução e desigualdade colidem".
"Em Portugal, o paraíso é muitas vezes simbolizado por praias e paisagens costeiras, mas esta realidade inclui pressões urbanísticas, especulação e sobrecarga turística, enquanto o interior enfrenta uma acentuada perda demográfica", apontam ainda os curadores e curadores-adjuntos do projecto escolhido.
Segundo a curadoria seleccionada, entre as três convidadas a apresentar propostas, "distantes de uma utopia harmoniosa", procura-se "analisar o papel da arquitectura como agente de transformação da paisagem e contribuir para um futuro melhor, onde a arquitectura é central na construção de soluções e acções colectivas – ecoando o repto de Carlo Ratti – um lugar, uma solução; aproveitar toda a inteligência ao nosso redor".
O projecto Paraíso, Hoje. propõe uma instalação tecnológica arquitectónica/artística, criando um ambiente imersivo e uma experiência interactiva com o público, visando sensibilizar e despertar reflexões sobre a relação entre a acção humana e a natureza.
"Este tema é desenvolvido no Atlas, onde a arquitectura surge como veículo para a construção harmoniosa da paisagem contemporânea – o 'Paraíso'", indica ainda o comunicado oficial sobre a descrição curatorial do projecto.
Novo modelo de selecção
Pela primeira vez, e por iniciativa da ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, o processo de selecção inicial foi realizado através de uma "Chamada à Manifestação de Interesse" que decorreu em Agosto passado, "garantindo uma participação ampla ao permitir a apresentação de propostas a arquitectos e profissionais com ligações à área disciplinar da arquitectura", segundo a tutela.
A 15 de Novembro último, a Direcção-Geral das Artes (DGArtes) tinha anunciado as três equipas convidadas a apresentar propostas ao concurso limitado para escolha da Representação Oficial Portuguesa na 19.ª Exposição Internacional de Arquitectura. As outras duas eram What are we doing, de Joana Pestana Lages, Paulo Moreira e Gonçalo Folgado, e Reclaim, Repair, Regenerate: Towards a constellation of protocols, de António Pedro Faria, João Francisco Sousa, Miguel Teodoro, Nádia Santos e Tiago Ascensão.
A participação foi "aberta a arquitectos e profissionais com ligações à área disciplinar da Arquitectura", de acordo com anúncio feito em Julho pelo MC.
As três candidaturas finalistas foram seleccionadas em função da "qualidade e consistência da proposta curatorial, da resposta ao tema lançado pelo curador geral da Bienal de Veneza 2025 [Intelligens. Natural. Artificial. Collective], do curriculum vitae do/s candidato/s, e da apropriação do espaço do pavilhão".
"Terminado o contrato de arrendamento com o anterior espaço, o Palazzo Franchetti, o MC entendeu ser necessário encontrar um novo espaço que garantisse melhores condições expositivas", referiu a tutela em Julho, sublinhando que o Fondaco Marcello, com uma área de 370 metros quadrados, possui "dois espaços abertos e amplos num único piso térreo".
O Palazzo Franchetti acolheu o Pavilhão de Portugal na 60.ª Bienal de Arte de Veneza, onde foi mostrado o projecto Greenhouse, das curadoras e artistas Mónica de Miranda, Sónia Vaz Borges e Vânia Gala, que recebeu 83,8 mil visitantes, o maior número de sempre, segundo a DGArtes.
O projecto Fertile Futures, com curadoria de Andreia Garcia, da Architectural Affairs, representou Portugal na Bienal de Arquitectura de Veneza, entre 20 de Maio e 26 de Novembro de 2023, sob o tema O Laboratório do Futuro, tendo ultrapassado os 34 mil visitantes.