Diz-se com frequência e com razão que um dos maiores problemas do presente e das democracias é a facilidade com que as percepções se sobrepõem aos factos e a eficácia com que mitos e as mentiras prevalecem sobre a realidade. As percepções preocupam e causam dano na coesão social quando são manipuladas para criarem intencionalmente um efeito, mas preocupam ainda mais quando são partilhadas até por aqueles que são insuspeitos de as combater. Foi o que aconteceu na votação do Orçamento do Estado, com o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, o Bloco, a IL e a bancada do Livre a juntarem-se ao coro da “vergonha” do Chega contra a reposição dos 5% de salários cortados aos políticos e aos gestores públicos já lá vão 14 anos.