Vereador Ricardo Valente renuncia à Câmara do Porto mas fica até Janeiro
O militante da Iniciativa Liberal diz que a sua saída não está associada a uma eventual candidatura às eleições autárquicas de 2025. “Não está claramente nos meus horizontes”, afirmou.
O vereador das Finanças e Actividades Económicas da Câmara do Porto, Ricardo Valente, disse esta quinta-feira que renunciou ao cargo por considerar que se fecha um ciclo, mas que se manterá em funções até Janeiro, a pedido do presidente da autarquia.
"A minha saída resulta de uma questão simples: estamos a fechar um ciclo, o doutor Rui Moreira está no seu último mandato e estamos a entrar numa fase que a mim não me interessa minimamente. Entrei no projecto para transformar, retransformar e ajudar a mudar a cidade do Porto e não estou disponível para estar num projecto quando passamos a estar numa lógica de gestão corrente", afirmou Ricardo Valente.
Vereador do pelouro das Finanças, Actividades Económicas e Fiscalização, bem como do pelouro da Economia, Emprego e Empreendedorismo, Ricardo Valente tornou-se militante da Iniciativa Liberal em Outubro de 2020, e deixou a associação cívica "Porto, o Nosso Movimento" em Novembro de 2022.
Questionado sobre se a renúncia noticiada esta quinta-feira pelo Jornal de Notícias pode ter a ver com uma candidatura às autárquicas de 2025, Ricardo Valente disse que não.
"A minha saída não tem rigorosamente nada a ver com uma candidatura em 2025 pela IL. Não sou alguém que queira ter carreira política que não seja executiva e efectiva. Nunca serei, na política, alguém sem contribuir. Também não quero condicionar a IL. Não está claramente nos meus horizontes a participação política enquanto candidato pela IL", referiu.
"Saída é claramente algo muito pessoal"
A carta de renúncia foi apresentada na terça-feira e acompanhada de uma conversa com Rui Moreira.
Reiterando que não sai em ruptura com o presidente da Câmara do Porto, ao qual teceu elogios, Ricardo Valente avançou à Lusa que ficará em funções até Janeiro.
"Anuí a um pedido do senhor presidente e fico naturalmente até Janeiro. Fui sensível aos argumentos do doutor Rui Moreira. Isso também demonstra a contradição de estarmos em colisão. Mas o meu lugar está à disposição", acrescentou.
Ricardo Valente sublinhou ter "um enorme respeito institucional e pessoal" por Rui Moreira, e garantiu que "sempre" lhe foi dado "todo o grau de liberdade" nas suas áreas de actuação.
"Portanto, esta saída é claramente algo muito pessoal (...). A minha saída tem a ver com não querer estar numa Câmara num momento em que a gestão, muitas vezes, já está alicerçada em processos de eventuais candidaturas ou não candidaturas. Eu não quero estar. O meu trabalho está estruturalmente feito", referiu, destacando alguns dossiês que marcaram as suas funções recentes.
"Não vou prejudicar ninguém com a minha saída. O Orçamento [para 2025], que era da minha responsabilidade, está aprovado. O financiamento [de 200 milhões de euros] do Banco Europeu de Investimento, outro grande projecto que nós tínhamos que é gigante do ponto de vista de retransformação da cidade, foi aprovado na semana passada. Temos aprovado o Regulamento do Alojamento Local, que era algo que também estava comigo", enumerou.
A agência Lusa solicitou uma reacção à Câmara Municipal do Porto, bem como esclarecimentos sobre quem assumirá as funções de Ricardo Valente e aguarda resposta.
De acordo com o edital publicado a 23 de Agosto de 2021, sobre a lista o movimento independente candidata às eleições desse ano, a sucessora poderá ser Ana Barbosa.