Veterinários brasileiros tentam salvar garça com copo de plástico preso na garganta

Garça avistada no Rio de Janeiro tem um copo de plástico alojado na garganta. Veterinários têm cinco dias para encontrar animal e para o salvar antes que morra de fome.

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Veterinário brasileiro avistou a ave no topo de uma árvore na zona oeste do Rio de Janeiro mas não conseguiu capturá-la Jeferson Pires
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Veterinário brasileiro avistou a ave no topo de uma árvore na zona oeste do Rio de Janeiro Jeferson Pires
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Veterinário brasileiro avistou a ave no topo de uma árvore na zona oeste do Rio de Janeiro Jeferson Pires
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Os veterinários brasileiros estão a correr contra o relógio para encontrar e salvar uma garça avistada com um copo de plástico alojado na garganta, na cidade do Rio de Janeiro, pois estimam que o animal poderá morrer dentro de cinco dias se o objecto não for retirado. Jeferson Pires, veterinário e biólogo que trabalha no Centro de Animais Selvagens da Faculdade Estácio, avistou a ave no início da semana na zona oeste do Rio de Janeiro e partilhou este caso nas suas redes sociais.

“Apesar de encontrarmos com frequência a presença de plástico dentro do estômago de animais, nunca tínhamos visto um caso como este”, disse o veterinário à Reuters na quarta-feira, ressaltando o grande tamanho do plástico - aparentemente um copo de 200 milímetros de uma bebida popular de guaraná.

A garça não conseguirá comer com um objecto grande colocado horizontalmente na sua garganta, e teme-se que fique gradualmente mais fraca e morra de fome dentro de três a cinco dias, acrescentou.

Nas redes sociais, Jeferson Pires conta: "Ainda parei o carro para tentar capturar mas a mesma voou para o alto de uma árvore. Provavelmente irá morrer de fome já que o copo não irá deixar ela deglutir seu alimento." O veterinário lamenta a "irresponsabilidade das pessoas que fazem descarte errado e jogam os seus lixos em locais irregulares", mesmo no Rio de Janeiro, uma grande cidade que possui um sistema de recolha de lixo.

No relato, o veterinário lamenta ainda: "Claro que a redução do uso de plásticos também poderia reduzir a chance disso acontecer mas infelizmente as pessoas ainda não se preocupam tanto assim com o nosso meio ambiente e acreditam que isso ocorre longe de onde vivem. Sou veterinário de animais selvagens e estou cansado de remover deles sacolas plásticas, linhas de pesca, embalagens diversas, etc.".

Por fim, lembra que já removeu até uma cabeça de um brinquedo de plástico [uma pepa pig] do estômago de um jacaré. "Vale lembrar que os que chegam até mim não devem ser um centésimo dos que são realmente afectados, grande parte isola-se e morre sem que seja resgatado. Uma morte lenta e sofrida que afecta milhões de animais no mundo todo, todos os dias."

E conclui: "Rezando para que essa tenha alguma 'sorte' e antes de morrer consiga ser resgatada para que eu possa remover mais um lixo de um animal selvagem."

“Os seres humanos ainda não perceberam que precisamos da natureza, mas a natureza não precisa de nós para viver”, comentou a ambientalista Isabelle de Loys em declarações à Reuters, acrescentando que a situação ambiental no Rio de Janeiro e, em geral, no Brasil está a piorar.

O plano dos veterinários para salvar a garça, identificada como garça Cocoi (Ardea cocoi) - a maior espécie de garça da América Latina, parente próxima da garça azul - é capturar a ave quando ela estiver fraca de mais para voar, e depois fazer uma cirurgia para remover o copo de plástico, segundo Jeferson Pires.

Porém, para salvar o animal, os veterinários precisam primeiro de localizar a garça no momento certo e capturar a ave, que tem cerca de 1,25 metros de altura e uma envergadura de cerca de 1,8 metros, acrescentou.

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