Asteróide provoca bola de fogo no céu da Sibéria horas depois de ser detectado

C0WECP5 é apenas o 12.º corpo celeste em rota de colisão iminente com a Terra a ser detectado antes de entrar na atmosfera. Tem apenas 70 centímetros, mas provocou um clarão brilhante na Sibéria.

Foto
O clarão produzido pela passagem do C0WECP5 é o resultado da fricção entre a atmosfera terrestre e o material rochoso do asteróide LarryRos (captura de ecrã ao livestream)
Ouça este artigo
00:00
02:49

A julgar pelo clarão que atravessou os céus russos nesta terça-feira, 3 de Dezembro, podia achar-se que C0WECP5, o asteróide que lhe deu origem, teria pelo menos alguns metros de comprimento. Mas não: bastaram 70 centímetros para que a pequena rocha espacial produzisse uma bola de fogo que iluminou o céu nocturno na região da Sibéria como uma bola de fogo em tons esmeralda e alaranjados.

As imagens começaram a surgir assim que a colisão aconteceu, quando ainda se estava a meio da tarde em Portugal e em Yakutia, de onde têm surgido mais relatos de avistamentos, já era início da madrugada desta quarta-feira, 4 de Dezembro. Os canais russos no Telegram foram inundados por imagens de um clarão, seguido de um flash, que iluminaram as nuvens no céu durante alguns segundos.

Aconteceu tudo muito depressa. O C0WECP5 foi avistado pela primeira vez no Observatório Nacional de Kitt Peak, no estado norte-americano do Arizona, nesta terça-feira, 3 de Dezembro, quando faltavam cinco minutos para as 6h em Portugal continental. Astros tão pequenos como estes são comuns no espaço e detectados amiúde pelos astrónomos, mas este tinha uma particularidade: estava em rota de colisão com a Terra e faltavam poucas horas para o encontro.

Não é que os especialistas esperassem grandes estragos vindos de um asteróide tão pequeno, mesmo viajando a velocidades estonteantes. Mas a colisão entre o pequeno C0WECP5 e a Terra trazia um novo marco para a longa história da astronomia: este era apenas o 11.º corpo celeste em rota de impacto iminente confirmada com o planeta a ser detectado antes de entrar na atmosfera terrestre. E era o quarto só este ano.

Isso mesmo foi o que explicou o físico Richard Moissl e confirmou a Agência Espacial Europeia. Numa série de tweets que o cientista publicou pouco depois da descoberta do asteróide, Richard Moissl, que se descreve como um "defensor espacial", adiantou que C0WECP5 estava "prestes a dar origem a um meteoro inofensivo sobre a Sibéria". "Vai causar uma brilhante bola de fogo", anteviu o físico.

Acertou em cheio — no espectáculo luminoso e na hora da entrada do corpo celeste na atmosfera. Quando foi descoberto, estimava-se que C0WECP5 chegaria à Terra entre as 16h10 e as 16h20 desta terça-feira, hora de Lisboa. Foi precisamente isso o que aconteceu: o asteróide — designado como meteoro a partir do momento em que causa o clarão ao ser consumido pela atmosfera — acabou por ser detectado às 16h14 desta terça-feira em Lisboa, quando já eram 1h14 do dia seguinte na cidade siberiana de Yakutsk.​

O clarão produzido pela passagem do C0WECP5 é o resultado da fricção entre a atmosfera terrestre e o material rochoso do asteróide, que fica a elevadas temperaturas e arde à medida que é consumido. Dificilmente este corpo celeste terá sobrevivido à entrada no planeta, transformando-se num meteorito, mas cientistas como Denis Vida acreditam que alguns pequenos fragmentos possam ter caído em terra firme.​

Sugerir correcção
Comentar