Universidade de Évora conclui que “não existe matéria de preocupação” sobre professor afastado por assédio

Escola de Artes eborense diz terem sido “ouvidos todos os intervenientes” no caso do professor afastado do Hot Clube em 2021 após queixa de aluna, e visado por várias denúncias de assédio online.

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Edifício da Universidade de Évora Nuno Ferreira Santos
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A Universidade de Évora concluiu que “não existe qualquer tipo de matéria de preocupação” quanto ao professor que lecciona no seu Departamento de Música e que foi afastado do Hot Clube após uma queixa formal de assédio de uma aluna no ano lectivo de 2021/2022. Foi nestes termos que o director da Escola de Artes daquela instituição de ensino superior colocou a questão numa comunicação aos estudantes. Há duas semanas, a reitoria dissera estar a auscultar os alunos para decidir como proceder e a universidade indicara já que não houve qualquer queixa quanto ao docente desde que este lecciona na instituição.

“Apesar de serem informações vindas a público externas à Universidade de Évora, e ouvidos todos os intervenientes, consideramos que não existe qualquer tipo de matéria de preocupação para a nossa comunidade. Não obstante, estamos atentos e vigilantes”, escreveu Tiago Navarro Marques, director da Escola de Artes — Universidade de Évora, num email datado de 27 de Novembro e enviado a todos os alunos após mais de dez dias de silêncio subsequentes a duas reuniões com os estudantes.

Posteriormente à publicação desta notícia, o PÚBLICO obteve resposta aos pedidos de esclarecimento sobre a análise levada a cabo pela reitoria da Universidade de Évora. "Nas reuniões com os alunos, o feedback sobre o docente foi bastante positivo. A questão da renovação só será colocada no final do contrato", enviou por email a divisão de comunicação da universidade.

Em causa está a situação do professor convidado do Departamento de Música da Escola de Artes, que é também presidente da Associação de Jazz de Leiria, director artístico da Orquestra Jazz de Leiria e director pedagógico da Escola de Jazz de Leiria. Quando em Novembro a queixa de violação da DJ Liliana Cunha contra o pianista João Pedro Coelho se tornou pública, e apesar de a artista nunca ter frequentado a escola do Hot Clube e de o pianista ter deixado de lá leccionar em 2023, a preocupação em torno do caso levou a escola lisboeta a esclarecer que o músico já não era seu associado, mas que dois outros docentes tinham sido afastados por queixas de assédio.

Um deles começou a ser visado por várias denúncias recolhidas pelo colectivo informal criado em torno do caso de Liliana Cunha, indiciando um padrão de assédio online a alunas do Hot Clube ou da instituição que com ela partilha instalações, a Academia Nacional Superior de Orquestra – Metropolitana. O caso foi noticiado na imprensa local e nacional, tendo o PÚBLICO consultado trocas de mensagens insistentes, fora do âmbito do horário ou da relação escolar, entre o músico e então docente do Hot Clube e alunas suas ou estudantes da Metropolitana.

Uma das jovens ouvidas pelo PÚBLICO, por exemplo, decidiu abandonar a cadeira leccionada pelo docente no ano lectivo de 2018/2019. Outra apresentou queixa e levou ao afastamento do professor da escola lisboeta no ano lectivo de 2021/2022.

Na sequência desse noticiário e de perguntas do PÚBLICO sobre o enquadramento dado ao caso pela Universidade de Évora, o gabinete de comunicação da instituição disse a 18 de Novembro que a reitora, Hermínia Vasconcelos Vilar, estava "a falar com os estudantes antes de tomar uma decisão”. Um dia depois teve lugar o segundo de dois encontros de alunos e responsáveis do departamento onde o visado lecciona, com alguns jovens a manifestarem preocupação com o caso.

O professor, que se mantém no activo, terá abordado o caso numa aula recente, dizendo que nunca teve qualquer comportamento inadequado na Universidade de Évora. Mantém também a confiança da Associação de Jazz de Leiria, que fundou, e cuja direcção entendeu que devia continuar a dirigir, e, por conseguinte, as suas responsabilidades na orquestra na escola de jazz que dependem da associação.

Em Évora, a direcção da Escola de Artes diz-se “disponível para apoiar todos os seus estudantes”, tendo, num outro email, partilhado com os alunos os serviços de apoio ao seu dispor, nomeadamente o Canal de Denúncia “totalmente anónimo” ou o Gabinete para a Igualdade de Género e Inclusão, bem como o Provedor do Estudante.

Desde que foi criado o email testemunhasdamusica@proton.me já foram recolhidas cerca de 150 denúncias visando artistas de várias áreas. Paralelamente, foi também criado o canal denunciasteatro@gmail.com.

Notícia actualizada com informação da reitoria da Universidade de Évora.

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