Meta. Associações denunciam aplicação que consegue “despir” pessoas numa foto através de IA
Especialistas apelam à Meta, empresa das redes sociais Facebook e Instragram, para que remova a publicidade a este tipo de produtos e que tome medidas para evitar situações semelhantes no futuro.
Duas organizações portuguesas alertaram a Meta, dona do Facebook e do Instagram, para a existência de publicidade nas suas redes a uma aplicação que consegue, através de Inteligência Artificial (IA), "despir uma pessoa" que esteja numa fotografia.
A denúncia foi feita no domingo pela MiudosSegurosNa.Net e pela Agarrados à Net, mas esta segunda-feira de manhã a app "continuava activa" e a ser publicitada nas plataformas da Meta, disse à Lusa Tito de Morais, fundador do projecto MiudosSegurosNa.Net.
"Até este momento ainda não tivemos qualquer feedback por parte da Meta, achámos que era importante chamar a atenção das pessoas para este tipo de situações, para que possam ser regulamentadas", acrescentou.
Tito de Morais lembrou a proposta do Bloco de Esquerda, que foi recentemente aprovada por unanimidade, para criminalizar este tipo de práticas, mas a proposta de alteração do Código Penal ainda não está em vigor.
Usando frases como "Apaga as roupas dela. Carrega uma foto. Apaga as roupas de qualquer pessoa" ou "Vê-me nua gratuitamente. Esta aplicação espantosa pode apagar tudo!", a publicidade aponta para um site onde o utilizador pode carregar uma foto de uma pessoa vestida, carregar num botão para gerar uma foto igual mas com uma imagem gerada por IA com a pessoa nua.
A imagem gerada por IA é apresentada ligeiramente desfocada e para a desfocar ou fazer o seu download, basta o utilizador subscrever o serviço.
"Numa altura em que se fala em banir as redes sociais a menores de 16 anos era importante que este tipo de situações fosse regulamentada. Não interessa banir as crianças das redes se vai continuar a afectar os adultos. Não podíamos ficar em silêncio ao ver a Meta aprovar publicidade a uma aplicação de "nudificação", incentivando, na prática, os utilizadores a cometer um ato ilícito", afirmou o fundador do projecto MiudosSegurosNa.Net.
"Em vez de restringirem as redes sociais a menores de 16 anos ou proibirem a utilização de telemóveis, era bom que os governos se preocupassem em responsabilizar as plataformas que aprovam publicidade que, na prática, incentiva a cometer um ilícito que afecta não apenas crianças e jovens, mas também adultos", acrescentou Cristiane Miranda, co-fundadora do projecto Agarrados à Net.
Tito de Morais lembrou algumas das recomendações que têm vindo a ser sugeridas pelas duas organizações, como obrigar a que as imagens criadas com recurso a IA contenham uma marca de água ou outro sinal que as identifique como sendo produzidas por IA.
Já no caso de aplicações como a agora denunciada, os dois projectos vão mais longe, sendo da opinião que nem sequer deveriam ser permitidas e que "as empresas que as produzem deviam ser fortemente penalizadas", explicou Tito de Morais. "De facto, a tecnologia tem imensos benefícios e vantagens, mas nas aplicações de 'nudificação' não encontro nenhum. Deviam ser proibidas", corroborou Cristiane Miranda.
Tito de Morais e Cristine Miranda apelam à Meta que remova a publicidade a este tipo de produtos e que tome medidas para evitar situações semelhantes no futuro.