“Brain rot” é a palavra do ano para a Oxford University Press

A expressão refere-se à deterioração do estado mental de quem consome conteúdo trivial e desinteressante nas redes sociais. A sua utilização aumentou 230% no último ano, segundo a editora britânica.

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Brain rot ("podridão cerebral", em português) é a palavra do ano de 2024 para a Oxford University Press Manuel Roberto
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Suposta deterioração do estado mental ou intelectual de uma pessoa, como resultado do consumo excessivo de conteúdo (online, mais recentemente) considerado trivial ou não desafiante: é assim que o dicionário define brain rot ("podridão cerebral", em português), a palavra do ano de 2024 eleita pela Oxford University Press, anunciou a editora esta segunda-feira. A expressão é utilizada quer para descrever o conteúdo em si, quer o estado mental que o seu consumo causa nos utilizadores.

Tendo como base dados recolhidos ao longo do ano e uma votação pública onde participaram mais de 37 mil pessoas, os linguistas da editora britânica delinearam uma lista de seis palavras que reflectem "os estados de espírito e conversas que ajudaram a moldar o ano passado", pode ler-se numa nota publicada no site da organização.

Para além de brain rot, a lista era composta pelas palavras demure (palavra que ganhou destaque na sequência de uma tendência nas redes sociais e que se refere a um comportamento reservado ou responsável), dynamic pricing ("preços dinâmicos"), lore (conjunto de factos e informação sobre algo ou alguém), romantasy (género literário que combina elementos de romance e fantasia) e slop (conteúdo de baixa qualidade gerado por IA).

Segundo a Oxford University Press, o termo “ganhou nova proeminência em 2024 como um termo utilizado para captar preocupações sobre o impacto do consumo de quantidades excessivas de conteúdos online de baixa qualidade, especialmente nas redes sociais”. A frequência de utilização do termo aumentou 230% entre 2023 e 2024, segundo os dados da editora.

Na mesma nota, Casper Grathwohl, presidente da Oxford Languages, explica que a palavra "chama a atenção para um dos perigos da vida virtual e da forma como estamos a utilizar o nosso tempo livre", considerando "fascinante" que o termo tenha sido adoptado pelas gerações Z e Alpha, "em grande parte responsáveis pela utilização e criação dos conteúdos digitais a que o termo se refere".

"Estas comunidades amplificaram a expressão através das redes sociais, o mesmo sítio que se diz causar a “podridão cerebral”. Demonstra uma autoconsciência algo atrevida das gerações mais jovens sobre o impacto nocivo das redes sociais que herdaram", acrescenta.

Apesar de ter ressurgido recentemente com uma conotação associada ao conteúdo online, a primeira utilização registada da expressão é de 1854, no livro Walden, de Henry David Thoreau. O autor critica a tendência da sociedade para desvalorizar ideias complexas ou com varias interpretações, em favor das simples, e vê isso como um indicador de um declínio geral do esforço mental e intelectual: “Enquanto a Inglaterra se esforça por curar o apodrecimento das batatas, ninguém se esforçará por curar o apodrecimento do cérebro - que prevalece de forma muito mais generalizada e fatal?”.

Não é a primeira vez que expressões associadas a tendências das redes sociais são escolhidas como palavra do ano pela Oxford: o ano passado, a palavra rizz (abreviatura da palavra charisma - carisma, em português) foi a vencedora. Em 2022, goblin mode ("modo goblin", em português) foi a expressão escolhida, referindo-se a um comportamento assumidamente auto-indulgente, preguiçoso ou desleixado.

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