Scholz visita Kiev e anuncia mais ajuda militar da Alemanha para a Ucrânia
Entre os equipamentos está um sistema de defesa aérea. Oposição defende envio de mísseis Taurus.
O chanceler alemão, Olaf Scholz, visitou um hospital em Kiev e reuniu-se com o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, prometendo mais ajuda militar “no valor de 650 milhões de euros, a ser entregue em Dezembro”.
Esta é a segunda visita (não anunciada, como o habitual para viagens de responsáveis, por razões de segurança) que o chanceler alemão faz à capital da Ucrânia desde o início da guerra em grande escala que começou com a invasão russa em 2022. “A Alemanha vai continuar a ser a maior apoiante da Ucrânia na Europa”, disse Scholz – a questão do apoio alemão à Ucrânia está a surgir como um dos assuntos importantes das próximas eleições, a 23 de Fevereiro.
“Podem confiar em nós. Nós dizemos o que fazemos. E fazemos o que dizemos”, declarou o chanceler, que publicou ainda nas redes sociais uma fotografia com Zelensky, num memorial com retratos de vítimas da guerra, flores e bandeiras da Ucrânia, com as palavras: “Ao vosso lado.”
“Estamos profundamente agradecidos à Alemanha por toda a assistência dada”, escreveu Zelensky na rede social X (antigo Twitter). “A Alemanha afirma-se como um líder europeu no que diz respeito ao apoio à Ucrânia, ajudando-nos a defender-nos contra a agressão e terror russos.”
Um porta-voz do Ministério da Defesa anunciou que entre o equipamento que vai ser enviado estavam sistemas de defesa aérea IRIS-T, que são sistemas avançados e que Zelensky já tinha dito que Kiev receberia de Berlim, e ainda mais carros de combate Leopard 1 e drones ofensivos.
Na conferência de imprensa conjunta, o Presidente ucraniano afirmou que a Ucrânia não tem sistemas de defesa anti-míssil suficientes porque está sujeita a ataques “densos”, e que está a avaliar “como proteger duas dezenas de instalações especiais”. E em relação ao armamento alemão, declarou ainda: “Estamos a trabalhar para termos mais em comum em relação ao fornecimento de mísseis Taurus”, cita a agência Reuters.
Na corrida para as eleições legislativas, Scholz está a apresentar-se como um político cuidadoso, que não tem arriscado mais apoio à Ucrânia para não provocar a Rússia para um conflito directo. Essa é a razão pela qual o seu Governo não decidiu enviar mísseis Taurus, que têm um alcance capaz de atingir território russo. Esta posição tem-lhe valido críticas dentro e fora da Alemanha.
O telefonema que manteve a meio de Novembro com o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, também foi muito criticado. “Ninguém vai parar Putin com telefonemas”, disse, por exemplo, o chefe de Governo da Polónia, Donald Tusk. Zelensky disse que Scholz tinha “aberto uma caixa de Pandora”, contribuindo para um fim do isolamento de Putin.
Em Kiev, Scholz voltou ao telefonema e disse que declarou ao Presidente russo que “tem de acabar a guerra e retirar as suas forças” da Ucrânia, e que esta “tem o direito a ser uma nação livre e soberana”.
“Estou a deixar muito claro para Putin, hoje em Kiev: nós vamos ficar ao lado da Ucrânia durante o tempo que seja necessário”, declarou Scholz.
O site Politico nota que o líder da oposição Friedrich Merz, da União Democrata-Cristã (CDU), e que segundo as sondagens está a caminho de ser o próximo chanceler, recebeu antes um convite de Zelensky para uma visita.
Merz defende o envio de mísseis Taurus pela Alemanha, e no fim-de-semana acusou o chanceler de promover o medo com o seu discurso. Se defende mais armas para a Ucrânia, Merz já prometeu, por outro lado, cortar apoio aos refugiados ucranianos no país, dizendo que o dinheiro que recebem do Estado dificulta que procurem emprego.
A visita de Scholz a Kiev segue-se à de António Costa, Kaja Kallas e Marta Kos, que marcaram o seu primeiro dia de mandato nos seus cargos – Costa na liderança do Conselho Europeu, Kallas na política externa e de segurança e Kos no Alargamento – na capital ucraniana.
De Pequim, a ministra dos Negócios Estrangeiros, Annalena Baerbock, acusou Putin de “arrastar a Ásia” para o conflito com milhares de soldados para lutar ao lado da Rússia contra a Ucrânia, cita o diário britânico The Guardian. E os serviços de informação militar da Ucrânia estimam que as forças russas tenham disparado pelo menos 60 mísseis balísticos norte-coreanos contra o seu território.
“O Presidente russo está não só a destruir a nossa ordem pacífica europeia com a sua guerra contra a Ucrânia, mas está agora a arrastar a Ásia via Coreia do Norte”, declarou Barbock. “Discuti por isso com o meu homólogo chinês de modo profundo de que isto não pode ser também do interesse da China.”
De Moscovo, o Kremlin anunciou que começou preparativos para uma visita de Vladimir Putin à Índia, sem no entanto indicar uma data.
Com Reuters
Notícia actualizada com declarações de Zelensky e Scholz na conferência de imprensa conjunta