Frente ao Casa Pia, o FC Porto teve 85 minutos de quase nada e cinco de quase tudo
O Casa Pia ofereceu o 1-0 num erro individual de Kluivert e expôs-se ao 2-0 com o balanceamento “suicida” depois disso. Em cinco minutos, os portistas resolveram um jogo que estava difícil.
Na vitória (2-0) frente ao Casa Pia, nesta segunda-feira, na I Liga, o FC Porto não teve uma noite de bom futebol. A equipa foi quase sempre inofensiva e marcou até mais golos do que “seria suposto” – pela análise ao valor xG, que mede os golos esperados em função da probabilidade de sucesso das finalizações.
Mas o futebol ainda se faz mais de golos do que de volume ofensivo – e o FC Porto fez, nesse domínio, o suficiente.
O Casa Pia ofereceu o 1-0, num erro individual de Kluivert, e expôs-se ao 2-0 com o balanceamento suicida depois disso. Em cinco minutos, os portistas resolveram um jogo que parecia bastante difícil de desbloquear.
Pouca arte
O Casa Pia foi muito criticado pela estrutura hiper-defensiva usada contra o Sporting, mas levou ao Dragão um desenho menos cauteloso – ainda que a ideia de jogo não tenha mudado muito.
Foram “apenas” cinco defesas e os três da frente pressionavam várias vezes a saída a três do FC Porto, com Moura como terceiro central. E quando recuavam nunca era para posições demasiado atrasadas, tal como a linha defensiva não jogou tão recuada.
E fazia sentido. Contra o Sporting era imperativo tirar a profundidade a Gyökeres, mas frente ao FC Porto não seria essa a prioridade, dado que Samu não é esse tipo de jogador.
Numa primeira parte globalmente aborrecida, os “dragões” tiveram muitas dificuldades para criarem perigo e os dois melhores lances foram em cruzamentos – um de Moura para cabeça de Samu e um de Galeno para a de Pérez.
A equipa portista tinha Fábio Vieira e Nico a pedirem a bola muito recuados, Pepê “adormecido” e Galeno sempre por fora no lado esquerdo. Isso impedia a equipa de ligar o jogo por dentro, até porque Samu não oferecia apoios frontais.
E a passagem de Galeno para zonas interiores, por volta dos 20 minutos, com a "subida" de Moura, não só não ajudou como até prejudicou, porque o brasileiro tinha dificuldade em espaços curtos e precisa de espaço para correr.
Havia, em geral, uma posse de bola algo estéril em zonas de pouco risco, com direito a assobios no Dragão.
Erro individual
O Casa Pia atacava só pela certa, com algumas transições perigosas – e os "gansos" até foram para o intervalo com mais acções na área ofensiva do que o FC Porto, algo que atesta a parca produção portista, mesmo frente a uma das equipas que mais remates concedem na I Liga (15 por jogo).
Pouco depois do intervalo o FC Porto chegou ao 1-0. Não que tenha saído do balneário a jogar melhor, mas porque beneficiou de um erro técnico individual de Kluivert, que entregou uma bola a Nico. O espanhol lançou Fábio Vieira, que acabou depois a finalizar o lance aos 50’.
Com o golo sofrido, o Casa Pia aventurou-se no ataque e o FC Porto recuou as linhas, esperando uma transição para matar o jogo. E assim foi. Cinco minutos depois, o Casa Pia perdeu a bola no ataque, com apenas três jogadores para o processo defensivo, e o FC Porto saiu rapidamente com Pepê e Samu, que combinaram para isolar o espanhol – fez o nono golo no campeonato.
Depois disto houve pouco para contar. O FC Porto não precisava de mais e o Casa Pia não tinha engenho para mais, até pelo desgaste de muitos minutos a correr atrás da bola.