Em Arouca, o Benfica jogou, descansou e “matou”
Tomás Araújo contribuiu bastante para quebrar a apatia global da equipa do Benfica, que resolveu o jogo com alguns momentos fulgurantes.
Um jogo globalmente “morno”, mas com momentos suficientes de qualidade por parte do Benfica. Foi isto que se passou neste domingo em Arouca, no triunfo “encarnado” por 0-2, na 12.ª jornada da I Liga.
A equipa de Bruno Lage não fez um jogo de “encher o olho”, mas começou e acabou bem a partida – o suficiente para não sofrer pelos largos minutos de marasmo vividos em Arouca. E o resultado ajusta-se ao que se passou.
Para este jogo, Arouca e Benfica levaram os desenhos tácticos habituais – os da casa com um 4x2x3x1 e os visitantes com o 4x3x3. A posição-base das equipas promovia um jogo de pares quase perfeito, com referências de marcação bastante fáceis de identificar.
Ao contrário do que é comum nas equipas que defrontam o Benfica, o Arouca não baixou o bloco em demasia e, sobretudo, não fez baixar os alas para uma linha de cinco ou mesmo de seis. E também não pedia a Sylla, médio-ofensivo, que baixasse muito para ajudar os dois médios.
Sempre que alguém era batido no um contra um, o Arouca sofria – porque não estava a haver uma especial preocupação em ajustar as marcações quando alguém era batido.
Aconteceu várias vezes nos primeiros 15/20 minutos os jogadores do Benfica saírem de um drible e terem campo aberto para lançarem um colega, porque o jogo do Arouca dependia do tal jogo de pares – não por haver marcação homem-a-homem a campo inteiro, que não chegou a esse ponto, mas pela incapacidade de controlar o espaço e distribuir zonas de acção.
Aos 2’ e 7’ houve lances deste tipo e aos 12’ também, embora não apenas com essa variante. O Arouca foi apanhado desposicionado numa perda de bola em zona alta e o Benfica saiu em transição. Florentino roubou a bola, Kokçu inventou e lançou o ataque, Akturkoglu criou a forma de finalizar e só não saiu tudo perfeito porque foi Fontán a fazer auto-golo – e não Pavlidis a marcar.
O Arouca acabou por começar a controlar melhor o espaço, até com um ligeiro ajuste de posição nos homens das alas, que passaram a descer um pouco mais – mas o suficiente para dar mais conforto à equipa e deixá-la menos exposta a bolas descobertas, embora tenha tirado à equipa capacidade para se chegar à frente. A capacidade vista aos 10’, por exemplo, num lance salvo por Trubin.
O jogo tornou-se mais “morno”, sem grandes soluções ofensivas do Benfica, com jogadores muito presos às posições, quando parecia ser relativamente fácil desposicionar o Arouca com alguma dinâmica entre os jogadores “encarnados”.
A segunda parte continuou algo pachorrenta, com o Benfica a abusar de uma posse estéril.
Menos fulgurante a aparecer no espaço vindo de trás, como faz habitualmente, Aursnes também não facilitou a dinâmica ofensiva da equipa, que parece estar muito dependente dessa solução nesta fase.
O marasmo foi interrompido por mais um dos passes de Tomás Araújo, que lançou Pavlidis para mais uma oportunidade desperdiçada, e por novo passe de alto nível do português, que lançou Carreras para mais uma boa defesa de Mantl.
Nessa fase mais intensa, até pela evidente quebra física do Arouca, o Benfica acabou por “matar” o jogo. Um penálti sofrido por Barreiro, aos 70’, deu o 2-0 a Di María.
O resultado ajustou-se ao que se passou, mesmo num jogo que não teve domínio avassalador.