PS Madeira acusa Governo Regional de esconder informações sobre incêndios de Agosto

Paulo Cafôfo fala num “processo muito pouco claro” sobre o que aconteceu no grande incêndio de Agosto último: “ou há mentiras, ou há contradições ou há ocultações”.

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Paulo Cafôfo, líder do PS Madeira Rui Gaudêncio
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O presidente do PS/Madeira acusou este sábado o Governo Regional (PSD) de esconder informações acerca do incêndio de grandes dimensões que atingiu a região em Agosto, referindo que a comissão de inquérito tem demonstrado que existem mentiras, contradições ou ocultações.

Paulo Cafôfo falava na freguesia da Serra de Água, concelho da Ribeira Brava, onde o fogo teve início a 14 de Agosto, numa iniciativa política para chamar a atenção do que considera ser "um processo muito pouco claro".

"O Partido Socialista tudo tem feito para, com a comissão de inquérito que temos na Assembleia Regional, esclarecer os madeirenses daquilo que aconteceu. E aquilo que aconteceu está envolto em algum obscurantismo porque aquilo que tem acontecido é: ou há mentiras, ou há contradições ou há ocultações", afirmou.

O presidente do PS/Madeira deu como exemplo o facto de o secretário regional com a tutela da Protecção Civil, Pedro Ramos, ter afirmado, a 29 de Outubro, que ainda não estava concluído o relatório sobre o incêndio e, na quinta-feira passada, o presidente do Serviço Regional de Protecção Civil ter revelado que o documento "já estava feito e pronto no dia 17 de Outubro".

"Ou seja, o secretário regional faltou à palavra e aquilo que parece que existe é tentar uma cortina de fumo [...] relativamente à acção do Governo Regional", criticou.

Paulo Cafôfo reafirmou que o combate ao incêndio "não foi um sucesso", ao contrário do que tem defendido o executivo madeirense liderado por Miguel Albuquerque, sustentando que "os próprios especialistas que têm ido à comissão de inquérito são peremptórios a dizer que houve uma má gestão".

O socialista insistiu também que Miguel Albuquerque, que estava de férias no Porto Santo, abandonou a população, adoptando uma postura "que não é digna do cargo que ocupa".

"Por parte do Partido Socialista, não vamos deixar passar em branco a questão dos incêndios porque os fogos foram extintos, mas o Governo continua a arder, não só nos casos de Justiça, mas acima de tudo, na forma como geriu mal todo o combate aos fogos do mês de Agosto", assegurou.

Questionado se considera que o Governo social-democrata tem "alguma coisa a esconder", o presidente do PS/Madeira respondeu que "procuraram esconder tudo e mais alguma coisa", justificando com o facto de Miguel Albuquerque responder por escrito à comissão de inquérito e com os casos de alegado impedimento de jornalistas em alguns locais do fogo.

"Tem havido aqui sempre uma cortina de fumo para tentar esconder a incompetência e a negligência no combate aos fogos florestais no mês de Agosto", reforçou.

Cafôfo acrescentou ainda que a comissão de inquérito é "a melhor forma de esclarecer" a população e que as suas conclusões terão matéria susceptível de ser enviada para o Ministério Público.

O incêndio rural deflagrou na ilha da Madeira a 14 de Agosto, nas serras do município da Ribeira Brava, propagando-se progressivamente aos concelhos de Câmara de Lobos, Ponta do Sol, na zona oeste da Madeira, e Santana, na costa norte. No dia 26 foi declarado "totalmente extinto".

Apesar de não haver registo de feridos ou destruição de casas e infra-estruturas públicas essenciais, os estragos ao nível da agricultura, da pecuária e da apicultura afectaram cerca de 200 produtores.

Por outro lado, 120 moradores da Fajã das Galinhas, no concelho de Câmara de Lobos, foram retirados do local e continuam impedidos de regressar a casa.