PS pede ao Governo reconhecimento imediato do Estado da Palestina
Recomendação ao Governo pede “reconhecimento imediato do Estado da Palestina, na lógica da solução dos dois estados”, nas fronteiras de 1967, anteriores à Guerra dos Seis Dias.
O Partido Socialista entregou esta sexta-feira, 29 de Novembro, no parlamento um projecto que pede ao Governo que reconheça de imediato a soberania e independência do Estado da Palestina, nas fronteiras anteriores a 1967, para dar "um sinal claro" à comunidade internacional da "urgência da solução de dois estados".
O projecto de resolução do PS (sem força de lei), a que a agência Lusa teve acesso, é entregue no parlamento precisamente no Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestiniano, que se assinala a 29 de Novembro desde 1977, sendo o primeiro subscritor o deputado e líder do PS, Pedro Nuno Santos.
No texto da recomendação ao Governo liderado por Luís Montenegro para que "reconheça, de forma imediata, o Estado da Palestina", o PS apontou que "ao longo da tragédia humanitária que ocorre desde 7 de Outubro de 2023", tornaram-se evidentes as "insanáveis divergências entre estados membros da União Europeia", inviabilizando assim "uma posição comum".
"Este é, pois, o momento para que a República Portuguesa envie um sinal claro e inequívoco à comunidade internacional sobre a urgência da concretização plena da solução de dois Estados, reconhecendo a soberania e independência do Estado da Palestina, deixando de protelar a decisão quando já se verificou a impossibilidade de uma posição conjunta e consensual da União Europeia sobre esta matéria", defenderam os socialistas.
O PS referiu que a Palestina é actualmente reconhecida "por 145 dos 193 países com lugar nas Nações Unidas", entre os quais vários países europeus e da União Europeia, destacando "a recente posição assumida pela Espanha, Noruega, Irlanda e Eslovénia".
"Este facto, a par com a evolução da trágica situação que se vive actualmente na Faixa de Gaza, cria um contexto para o reconhecimento imediato do Estado da Palestina, na lógica da solução dos dois estados", justificou no mesmo texto.
Os socialistas recomendam assim ao executivo que "reconheça, de forma imediata, o Estado da Palestina, nas fronteiras anteriores a 1967", um reconhecimento "em conformidade com as resoluções relevantes adoptadas pela Organização das Nações Unidas e a Autoridade Palestiniana como a legítima representante do Estado palestiniano e a única entidade política interlocutora para as negociações".
O PS quer ainda que o Governo aprofunde as relações diplomáticas com o Estado da Palestina, "mantendo como legítimo interlocutor a Autoridade Palestiniana e conferindo à Missão Diplomática da Palestina em Lisboa o estatuto de Embaixada".
Em 4 de Junho, no arranque de um comício em Guimarães para as eleições europeias, Pedro Nuno Santos já tinha defendido que estava na altura de Portugal reconhecer "de imediato" o Estado da Palestina, considerando então que seria um "sinal político importante" e um contributo para a paz no Médio Oriente.
Em pouco mais de 400 dias, desde 7 de Outubro de 2023, Israel matou pelo menos 45 mil palestinianos na Faixa de Gaza e territórios ocupados — mais de uma centena de pessoas por dia. O número real de vítimas mortais ao longo do último ano deverá ser, contudo, muito superior, já que milhares permanecem desaparecidos.
Em Maio deste ano, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, afastou o reconhecimento imediato da Palestina, defendendo que Portugal queria apostar num papel de mediador. Alinhado com o Governo, o Presidente da República também não considerava ser "o momento adequado para dar esse passo". Seis meses passados, o "momento adequado" continua por chegar.