Pioneiro do hip-hop Afrika Bambaataa acusado de agressão sexual por rapper francês
O mítico fundador da Zulu Nation já tinha sido acusado de agressão sexual a outro menor em 2016.
O rapper francês Solo, membro do grupo Assassin e precursor do breakdance em França, afirmou ter sido vítima, na adolescência, do DJ americano e pioneiro do hip-hop Afrika Bambaataa, já acusado de agressão sexual a um menor nos Estados Unidos.
"Ser confrontado com um predador, especialmente alguém que se admira, é o mais difícil", disse Solo, no programa de televisão francês Clique, do Canal+, na quarta-feira, reporta esta sexta-feira a AFP.
Solo foi um dos raros franceses a fazer parte dos primórdios do hip-hop nos Estados Unidos, ao lado de pioneiros como Afrika Bambaataa.
O DJ norte-americano foi co-fundador, em 1973, da Zulu Nation, uma organização que se posicionava contra a violência dos gangues nova-iorquinos e que utilizava o hip-hop para transmitir valores pacíficos.
Em Note Mon Nom Sur Ta Liste: Mon Histoire Du Hip Hop, autobiografia publicada em meados de Novembro deste ano, Solo conta ter ouvido uma cena de agressão sexual a um menor durante a sua estadia nos Estados Unidos, sem adiantar mais pormenores.
"Uma noite, Bambaataa chama-me à sala enquanto vê um filme pornográfico. Sinto desconforto, mas não me mexo. Nesse preciso momento, entendi que era a minha vez de me tornar o brinquedo dele", conta Solo no livro, esclarecendo ter, na altura, 17 anos.
Questionado sobre este episódio na quarta-feira, o artista falou de um "comportamento totalmente desadequado" por parte de Bambaataa, que demorou "mais de 40 anos" a conseguir evocar.
"Acima de tudo, precisava de desenvolvimento pessoal e de apoio, nem que fosse para reconhecer que era uma vítima", acrescentou no programa.
O rapper especificou que estava "a mil milhas de imaginar a escala do fenómeno" trazido à luz anos mais tarde, descrevendo Bambaataa como um "predador sexual".
A Zulu Nation dissociou-se do seu líder em 2016, quando Afrika Bambaataa foi acusado de agressão sexual a um menor, o que negou. Em 2021, foi realizado um julgamento, mas o DJ nunca compareceu.
A AFP solicitou uma reacção de Afrika Bambaataa na sua conta de Instagram, sem ter obtido resposta até ao momento.