Leonora Carrington: o absurdo é um acto revolucionário

Livro de comicidade sombria, A Corneta Acústica traz o universo rebelde de uma escritora que viveu na sombra dos surrealistas – sendo ela própria uma surrealista, mas muito à sua maneira.

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Leonora Carrington na sua casa em 2007, então com 90 anos henry Romero/REUTERS
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Leonora Carrington (1917-2011) sempre combateu aquilo que pressentia como uma espécie de destino trágico para a sua obra: a de ficar na sombra do romance que viveu com Max Ernst. E, pior, a recusa em ser vista como sua musa. Via esse papel como o de alguém subserviente, que não se ajustava nem à sua personalidade nem ao seu percurso. Pode por isso parecer contraditório, e quase uma traição à vontade da artista, trazer o pintor surrealista alemão naturalizado americano para o início deste texto sobre Carrington. É um ardil, um isco fácil para suscitar curiosidade para a obra pictórica, mas sobretudo literária, de Carrington, que teve um dos momentos altos no livro A Corneta Acústica, acabado de sair em Portugal.

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