“Não foi uma nomeação política. As nomeações políticas acontecem a outro nível”
Ana Isabel Valente tem um longo percurso enquanto autarca. Vai manter-se como vereadora pelo PSD na câmara de Sintra, ao mesmo tempo que lidera a comissão nacional de protecção de crianças e jovens.
PÚBLICO – Falando um pouco do seu percurso, como conjuga a sua área de especialização, de Gestão Tributária e Fiscalidade, ao tema das crianças em perigo?
Ana Isabel Valente – Isto já vem de longe. Ainda sou vereadora sem pelouro na Câmara Municipal de Sintra e durante anos e anos, 20 anos, tenho sido autarca – de assembleia de freguesia, de assembleia municipal e agora de vereação. E sempre acompanhei as áreas sociais. Tenho aqui dois compartimentos, a área da gestão tributária, porque entrei para a autoridade tributária praticamente logo depois de acabar o curso, e depois estive na Segurança Social e no emprego quando fui chefe de gabinete do secretário de Estado do Emprego; e a acção social, e aqui sempre acompanhei as CPCJ em toda a minha actividade de autarca. Por isso, não é novo para mim. Além disso, sou uma directora-geral, uma gestora de uma organização, tenho uma equipa que sabe imenso e que sempre se dedicou muito a esta área da protecção de crianças.
Tem o perfil certo para este cargo?
Acho que sim. Foi um desafio que me foi lançado, mas acho que tenho. Tenho o perfil de gerir pessoas. Já tive também outros cargos de dirigente e isto é realmente a gestão da organização e a gestão de pessoas é também importante porque é parte do meu trabalho.
A sua nomeação foi uma escolha directa da senhora ministra da Solidariedade e Segurança Social. Maria do Rosário Palma Ramalho já conhecia o seu trabalho?
Já e conhecia-me pessoalmente também. Eu e a senhora ministra fomos colegas de faculdade, portanto já nos conhecemos há muitos anos
Esta nomeação é uma nomeação política?
Julgo que não. As nomeações políticas são a outro nível.
Mas o facto de ter havido aqui uma mudança e não ter havido uma continuidade, por exemplo da vice-presidente da comissão nacional, Maria João Fernandes [há muitos anos na CNPDPCJ], que continua como vice-presidente, mas vista como sucessora natural de Rosário Farmhouse, é que nos leva a perguntar se foi uma nomeação política...
Compreendo o seu dilema, mas, de facto, foi uma escolha que não foi minha. Foi uma escolha da senhora ministra, não vou discutir as escolhas da senhora ministra.
Vai acumular as funções de vereadora com as de presidente da comissão nacional?
Pedi um parecer para ver se era incompatível a minha continuação como vereadora sem pelouros com as funções que desempenho e foi considerado que não era incompatível. Se fosse incompatível, naturalmente que renunciaria ao lugar de vereadora. No fundo as minhas funções na câmara são quase de fiscalização porque – embora esteja no órgão executivo – a única coisa que faço é aprovar ou não as propostas que são levadas pelos vereadores que têm pelouros. E, portanto, uma vez que não se verificou a incompatibilidade, continuo.
Mas isso implica tempo...
Sim, de 15 em 15 dias tenho uma reunião na câmara. É absolutamente compatível. Porque não tenho horário [na CPCJ].
E vai acumular a presidência da comissão nacional com outras funções partidárias?
Sim, sou membro do conselho de jurisdição nacional, fui eleita no último congresso mas isso também não me tira muito tempo. Levo muito a sério os meus direitos de cidadania e, por isso, tudo aquilo que não é incompatível – e de facto este não é incompatível – não pode tolher [o exercício da] minha cidadania.