Com faturamento de 300 milhões de euros neste ano, Grupo Med+ aterrissa em Portugal

Empresa responsável pelos serviços de emergências em aeroportos e rodovias pretende iniciar negócios em território português ainda no início de 2025. Nos dois primeiros anos, deve criar 600 empregos.

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Presidente da Med+, do setor de emergências aeroportuárias, Victor Reis vê Portugal como selo de qualidade para os negócios da empresa Victor Moura
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As empresas brasileiras estão virando o radar cada vez mais para Portugal, de olho num mercado de mais de 500 milhões de consumidores da União Europeia. Embarcando nesse movimento, o Grupo Med+, de emergências aeroportuárias, com faturamento estimado para este ano de mais de R$ 1,8 bilhão (300 milhões de euros), se prepara para aterrissar em território luso ainda no início de 2025, dentro de seu processo de internacionalização. Nos dois primeiros anos, deve criar cerca de 600 postos de trabalho no país.

“Para nós, Portugal, será um atestado de capacidade técnica para o mercado europeu. Será a desmistificação de que a Med+ é uma empresa latina, de um país emergente”, afirma o CEO da companhia, Victor Reis. Ele diz que, dado o tamanho do mercado em que atua no Brasil, com um Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 36 bilhões (5,8 bilhões ou 5,8 mil milhões de euros), a empresa poderia continuar focando no país. Mas entende que chegou a hora de atravessar fronteiras, até para manter seu processo de crescimento.

O executivo conta que a Med+ trabalha com algumas das principais companhias europeias que administram aeroportos e que têm operações no mercado brasileiro. “Já recebemos convites dessas concessionárias para prestarmos os mesmos serviços que oferecemos no Brasil. E estamos à disposição dessas empresas, que são nossas potenciais parceiras na Europa”, assinala.

Segundo ele, no caso de emergências, a Med+ tem o mesmo padrão de qualidade de atendimento observado nos países mais avançados, o que será mostrado a partir de Portugal. “Vamos trabalhar com um time de base capaz, técnico, bem formado, que está conosco há mais de uma dezena de anos”, frisa.

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A Med+, que opera no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, tem uma torre própria de observação para emergências, o que permitiu socorro em 30 segundos a um avião que saiu da pista PAULO WHITAKER/ Reuters

Escassez de profissionais

Reis ressalta que, em Portugal e, por consequência, na Europa, o foco dos negócios será o serviço de emergências em aeroportos, rodovias, shopping centers, escolas e plataformas de petróleo. Ele assegura que, dentro da emergência médica, Brasil e Portugal têm muitas similaridades e não vê grandes barreiras para a contratação de mão de obra, mesmo com a escassez de profissionais na área de saúde em várias partes do mundo.

“Ao contrário do Brasil, onde temos de manter cerca de 1 mil médicos de plantão, cujo atendimento poderia ser feito por enfermeiros bem treinados, na Europa, essa emergência é realizada por paramédicos”, diz. Ou seja, não haveria tantas barreiras, como a necessidade de validação de diplomas, um drama enfrentado em Portugal por profissionais brasileiros superqualificados.

“Estamos falando de enfermeiros com formação basilar, capazes de realizar todos os procedimentos necessários para manter o estado de saúde da vítima sob controle até que um médico a atenda”, explica. “De qualquer forma, vamos formar profissionais, pois temos certificação em vários cursos, como de bombeiros socorristas”, acrescenta Reis.

Corte de custos

A Med+ promete implantar na Europa uma forte política de contenção de custos, de forma a derrubar o valor dos contratos fechados com a clientela. “No Brasil, ao longo de 10 anos, reduzimos em 70% as despesas, por meio de planilhas, para trabalhar com preços justos. Hoje, estamos em todos os grandes e médios aeroportos do país, prestando serviços baseados na tecnologia e em profissionais qualificados”, afirma o CEO da empresa. Como já atingiu o teto no setor de aviação, a companhia virou a chave e está se focando no atendimento de emergências em rodovias. “Fechamos o quinto contrato neste ano”, assinala.

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O governo de Portugal tem dado incentivos fiscais, por meio da Autoridade Tributária, para atrair empresas brasileiras para o país Daniel Rocha

Reis frisa que o governo luso tem oferecido muitos incentivos para que empresas brasileiras finquem raízes em Portugal, inclusive, com incentivos fiscais e financiamentos subsidiados. Ele destaca que, do ponto de vista jurídico e de pesquisas de campo, a Med+ já avançou bastante para entrar em terras lusitanas por meio do que define como SGI, Sistema de Gestão Integrada, modulando as operações de acordo com a legislação de Portugal. “Assim que superarmos a burocracia, estaremos prontos para operar.”

O executivo reconhece que o atendimento emergencial não pode falhar. “Todo aeroporto internacional precisa manter um serviço de emergência 24 horas por dia. São várias as classificações nas emergências médicas, de combate a incêndio, de resgastes. Estamos falando de um mercado com um dos maiores números de especificidades, de normas de segurança, de emergência, do mundo”, detalha.

“Mas temos um recorde das Américas. Quando, recentemente, um avião saiu da pista do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, nossa equipe chegou em 30 segundos à aeronave. Isso foi possível porque temos uma torre própria de observação”, conta.

Esse histórico, acredita o executivo, será vital no processo de internacionalização da empresa, cujo faturamento neste ano, de mais de R$ 1,8 bilhão, será 150% maior que o verificado em 2023. “Com mais de 250 bases no Brasil e uma equipe de 5 mil colaboradores, a Med+ tem se consolidado como referência na emergência médica e segurança aeroportuária, liderando esse mercado na América Latina”, diz. “Os planos de expansão para novos mercados e os contínuos investimentos em tecnologia fazem com que a empresa se mantenha como uma das principais fornecedoras de soluções em saúde de emergência no cenário global”, assinala.

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