Brasileiras organizam caminhada em Braga contra violência que atinge as mulheres

Evento será no domingo (1/12) e percorrerá mais de três quilômetros no centro da cidade. Iniciativa do grupo Mulheres do Brasil também ocorre em dezenas de cidades em todo o mundo.

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Segundo a ONU, uma em cada três mulheres sofre violência ao longo de sua vida Manuel Roberto
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A cidade de Braga vai se juntar, pela primeira vez, à iniciativa Caminhada pelo Fim da Violência contra Mulheres e Meninas, organizada pelo grupo Mulheres do Brasil. É a sétima vez que o grupo brasileiro, criado pela empresária Luíza Helena Trajano organiza o evento.

Aberto a todos os que se posicionam contra a violência, a caminhada terá um percurso de 3,3 quilômetros pelo centro da cidade para chamar a atenção para o forte crescimento de crimes contra mulheres. O evento começará às 9h30 da manhã, num café na Rua Andrade Corvo, e terminará numa academia na Avenida Alfredo Barros. São duas empresas patrocinadoras da caminhada, sendo que, pela manhã, será servido um desjejum aos participantes e, ao final, uma aula de ginástica.

O evento tem como uma das suas organizadoras a advogada brasileira Helena Neves, que ajudou a fundar o núcleo Mulheres do Brasil Braga. “Já temos mais de 40 pessoas inscritas para participar da caminhada”, conta.

Apesar de ser uma iniciativa de brasileiros, Helena quer que todos participem, brasileiros, portugueses e de outras nacionalidades. Ela explica que não estão falando apenas contra a violência doméstica, mas contra todos os tipos de abusos e opressão por questão de gênero. “Não existe só violência física. Há, também, violência psicológica, financeira e outras. Muitas mulheres sofrem isso e nem têm essa consciência”, observa.

Cultura da violência

Segundo Helena, o grupo na cidade do Norte de Portugal procura trazer a experiência de organização do Mulheres do Brasil, fundado pela empresária Luíza Trajano. "Hoje, são milhares em muitos países", afirma.

Formado em agosto deste ano, o objetivo do núcleo de Braga é estimular o empoderamento feminino. “Nosso primeiro evento foi um Abraço Solidário, no Chafariz de Braga, no final de agosto. Até uma vereadora esteve presente”, relata.

Com pós-graduação em Violência Doméstica pela Universidade de Coimbra, Helena trabalha há anos para acabar com as agressões e abusos contra as mulheres. “Estou em Braga há oito anos. Comecei fazendo voluntariado numa junta de freguesia para ver o que podia fazer. Atendia mais ou menos 10 mulheres por mês”, lembra.

Apesar de os números da violência contra as mulheres serem mais baixos em Portugal do que no Brasil, em comparação com a população, Helena considera que o objetivo deve ser o mesmo. Portugal tem taxa média de feminicídio de 0,43 por 100 mil pessoas, enquanto, no Brasil, a é de 1,04, mais que o dobro.

Segundo a Organização das Nações Unidas, uma em cada três mulheres sofre violência ao longo da vida. “Conversando com pessoas que conheço, todos têm histórias de violência para contar sobre alguém próximo que enfrentou abusos. A cultura de violência é bem grave e preocupante em Portugal”, argumenta Helena.

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