Caos no centro de Maputo após atropelamento de manifestante

Protestos contra os resultados eleitorais das presidenciais de Outubro continuam em Moçambique. As principais avenidas da capital estão bloqueadas e há confrontos entre manifestantes e polícia.

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Maputo tem sido palco de inúmeras manifestações de contestação aos resultados das eleições presidenciais de Outubro LUISA NHANTUMBO / LUSA
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O centro de Maputo vive nesta manhã momentos de caos, com dezenas de manifestantes a apedrejarem viaturas da polícia, entre ruas totalmente bloqueadas, depois de uma jovem ter sido atropelada por militares, quando protestava no centro da Avenida Eduardo Mondlane.

O trânsito em várias avenidas centrais de Maputo está totalmente bloqueado por manifestantes, que impedem a circulação, enquanto a polícia está a responder com o lançamento de gás lacrimogéneo, em novos protestos contra o processo das eleições gerais moçambicanas de 9 de Outubro, convocado pelo candidato presidencial apoiado pelo Podemos, Venâncio Mondlane.

Foram postos pneus em chamas no local do atropelamento da jovem, por uma viatura militar blindada que circulava em alta velocidade, cerca das 9h30 locais (07h30 em Lisboa), num cenário de extrema violência. Não é claro se o condutor avistou a manifestante do outro lado da barricada. O atropelamento propiciou a ira dos manifestantes, que até então estavam apenas a cortar a circulação automóvel em praticamente todas as artérias centrais de Maputo.

A jovem foi transportada por outros populares para o hospital em estado grave.

À passagem de qualquer viatura policial, incluindo blindados, os manifestantes responderam com o arremesso de pedras e paus, nas avenidas Eduardo Mondlane e Guerra Popular, no centro da capital moçambicana.

Por volta das 11 horas locais, as autoridades dispararam balas reais e foram cercadas por dezenas de populares.

O candidato presidencial Venâncio Mondlane apelou à população moçambicana para, durante três dias, a partir desta quarta-feira, abandonar os carros a partir das 8 horas nas ruas, com cartazes de contestação eleitoral, até regressarem do trabalho.

Pelo menos 67 pessoas morreram e outras 210 foram baleadas num mês de manifestações, desde 21 de Outubro, de contestação dos resultados das eleições gerais em Moçambique, indica a actualização feita sábado pela organização não governamental moçambicana Plataforma Eleitoral Decide.

O candidato presidencial Venâncio Mondlane tem convocado estas manifestações, que degeneram em confrontos com a polícia — que tem recorrido a disparos de gás lacrimogéneo e tiros para dispersar —, como forma de contestar a atribuição da vitória a Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), com 70,67% dos votos, segundo os resultados anunciados em 24 de Outubro pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.