Associação prepara manifesto para Cascais e admite apoiar candidato independente nas autárquicas
O presidente da associação recentemente constituída, Francisco Galvão Lucas, refere que, além da apresentação de um manifesto, serão realizadas conferências.
A associação Respirar Cascais vai apresentar na próxima semana um manifesto para uma reflexão política e social sobre o futuro deste concelho, estando disponível para apoiar uma candidatura independente à Câmara nas próximas autárquicas, disse, esta quarta-feira, o seu presidente.
Em declarações à Lusa, o presidente da associação recentemente constituída, Francisco Galvão Lucas, destacou que, além da apresentação de um manifesto, serão realizadas as conferências Fórum Cascais, a partir de 11 de Janeiro, que permitirão uma reflexão com especialistas sobre temas como a educação, a saúde, o ambiente e os problemas que consideram existir no urbanismo deste concelho.
Actualmente, área do urbanismo é tutelada pelo vice-presidente da Câmara de Cascais, Nuno Piteira Lopes, apontado como um dos possíveis candidatos à sucessão do presidente social-democrata na autarquia, Carlos Carreiras. Segundo Francisco Galvão Lucas, o urbanismo é uma "situação gravíssima" no concelho, a habitação social "foi esquecida nos últimos anos" e o ambiente é também "uma questão crucial", uma vez que "continua a existir imensas situações" em que a área protegida "é violada de alguma forma para conseguirmos continuar a construir urbanizações, especialmente de luxo". "E a população em Cascais continua a ficar esquecida. Sentimos que há aqui um momento em que há uma hipótese forte para haver um candidato independente à Câmara que traga essas preocupações para cima da mesa, que saiba discutir, que saiba dialogar com todos, para fazer os compromissos que achamos que são importantes para o concelho", defendeu.
A pouco menos de um ano das eleições autárquicas, a associação defendeu que o consultor político e comentador televisivo João Maria Jonet, assumido social-democrata, que há cerca de dois meses admitiu uma candidatura à Câmara de Cascais alternativa à da sucessão natural do actual executivo, deve avançar. "Achamos que tem as características para ser um bom candidato. É de Cascais, já afirmou estar a pensar ser candidato e achamos que poderia ser uma oportunidade de alguém novo para Cascais, que nos liberte um bocadinho deste ambiente sufocador que existe, instaurado há tantos anos nestas instituições", considerou Galvão Lucas.
Contactado pela Lusa, João Maria Jonet afirmou que, tal como revelou há cerca de dois meses, continua a ponderar ser candidato à autarquia, mas neste momento está "mais inclinado" para avançar, tendo em conta os apoios que tem recebido. Galvão Lucas afirmou que, independentemente de um apoio a uma candidatura, a actividade da associação não se esgotará nas autárquicas, pretendendo "manter o seu plano, independentemente do resultado".
"Sentimos que Cascais está num período mais complicado. Existem muitas associações que estão, neste momento, a fazer frente à própria câmara, em vários projectos, especialmente urbanísticos, na Quinta dos Ingleses e ali na Aldeia do Juzo. São as duas mais notórias, mas há várias. Estivemos recentemente numa reunião com essas associações, à porta fechada, também para ouvirmos o lado dessas associações e perceber as suas dores, porque isso também enriquece aquilo que nós queremos montar neste manifesto", realçou.
Francisco Galvão Lucas destacou a "altíssima" abstenção eleitoral no concelho (foi de 55,45% nas últimas autárquicas) como um problema "muito grave", que também demonstra "a falta de opções que as pessoas acabam por ter". "Isso também nos leva a pensar neste candidato independente. [Com] a maneira como a câmara tem estado nos últimos anos torna-se complicado, com todos os problemas que temos conseguido identificar, acharmos que continuam a ser a solução", afirmou, considerando que actualmente o PS está alinhado com o executivo na câmara e "não se torna uma alternativa, mesmo que agora esteja a apresentar um candidato totalmente diferente para as autárquicas".