André Villas-Boas e o momento do FC Porto: “A confiança no treinador mantém-se”

Presidente dos “dragões” reconhece que a equipa não tem estado à altura das expectativas, mas assegura que a equipa técnica terá o espaço e tempo necessários para trabalhar.

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Villas-Boas no jogo de domingo, em Moreira de Cónegos MANUEL FERNANDO ARAUJO / LUSA
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O presidente do FC Porto, André Villas-Boas, reiterou nesta quarta-feira a confiança no treinador Vítor Bruno, antes da partida para a Bélgica, onde os "dragões" defrontam na quinta-feira o Anderlecht, na Liga Europa de futebol.

"A confiança no treinador mantém-se, tanto por parte dos jogadores, como da estrutura e da direcção. Tem espaço para desenvolver o seu trabalho, tem tempo, foi a nossa escolha para este projecto e é nele que acreditamos. O seu trabalho não está em causa", adiantou o dirigente, em declarações aos jornalistas no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, em Pedras Rubras.

A contestação a Vítor Bruno aumentou no domingo, quando o FC Porto foi afastado na quarta eliminatória da Taça de Portugal, ao perder com reviravolta no terreno do também primodivisionário Moreirense (2-1), e falhou a conquista do troféu pela quarta temporada seguida.

Pela primeira vez em 16 anos, os "dragões" perderam três encontros seguidos, sempre na condição de visitantes e para diferentes competições, numa sequência iniciada antes da paragem para as selecções nacionais, frente aos italianos da Lazio (2-1), na quarta jornada da fase de liga da Liga Europa, e ao Benfica (4-1), na 11.ª ronda da I Liga.

"Os resultados não estão ao nível do FC Porto, mas é preciso dar tempo para que as coisas se invertam, a equipa ganhe outra confiança e comece a responder às expectativas dos sócios. Perdemos a oportunidade de ganhar a Taça de Portugal, na qual temos um legado histórico e importante, mas há grandes ambições para esta época e outros objectivos ainda mais importantes, aos quais temos de corresponder", afiançou André Villas-Boas.

Vítor Bruno foi um dos principais visados por quase duas dezenas de adeptos na chegada ao Olival após a goleada na Luz, cenário replicado no domingo à porta do Estádio do Dragão, onde cerca de meia centena pediu a sua demissão e cantou pelo ex-presidente Pinto da Costa.

Além de terem assobiado e deixado palavras de insatisfação à equipa, os contestatários arremessaram um artefacto pirotécnico contra o autocarro "azul e branco", levando Villas-Boas, Jorge Costa, director do futebol profissional, e outros dirigentes do clube a saírem das garagens rodeados de seguranças para tentarem serenar os ânimos.

"Não quero que considerem [um acto de] coragem. Agradeci aos adeptos a sua presença em Moreira de Cónegos, porque nos apoiaram até ao fim. Compreendemos que haja desilusão nos sócios e sentimos o peso da responsabilidade, da exigência e da vontade em inverter os resultados", vincou.

O FC Porto, 22.º colocado, com quatro pontos, visita o Anderlecht (quinto, com 10) na quinta-feira, às 17h45, no Lotto Park, nos arredores de Bruxelas, na quinta de oito jornadas da fase de liga da Liga Europa.

"Há que assumir as responsabilidades pelo mau momento. A equipa tem trabalhado bem para restaurar a confiança e conseguir vitórias. Sabemos que, neste momento, não está à altura dos pergaminhos do FC Porto, mas tem qualidade para mais e estamos seguros de que é isso que vai mostrar", finalizou o presidente "azul e branco".

Bruno Alves pede tempo, Pepe mais contido

Quem também comentou o momento do FC Porto foram os ex-jogadores Bruno Alves e Pepe. Em declarações proferidas na Cidade do Futebol, os ex-defesas centrais do "azuis e brancos" não quiseram alongar-se em comentários. Mesmo assim, Pepe foi bem mais contido do que o seu ex-colega, deixando no ar que o trabalho de Vítor Bruno, que era adjunto de Sérgio Conceição quando Pepe actuava nos "dragões", não lhe merece muita confiança.

"Essa pergunta tem que se fazer ao presidente", respondeu o antigo capitão portista quando questionado sobre se Vítor Bruno era o homem certo para dirigir os "azuis e brancos".

Mais consensual foi Bruno Alves, que pediu tempo para a nova equipa técnica e direcção mostrarem trabalho: "É um momento de mudança e temos que dar tempo para as pessoas trabalharem. O presente pode ter algumas dificuldades mas o futuro vai ser bom. Os adeptos têm que entender que houve uma mudança. Acredito que [Vítor Bruno] tem competência para fazer um bom trabalho."