Arquitectura

No centro do Porto, nasceu “uma casa da árvore” feita de betão verde

O terreno foi comprado pelo atelier Pedra Líquida que construiu um prédio com materiais pouco utilizados em habitação. Para lá da fachada verde, plantaram uma árvore como a que tiveram de desterrar.

Casa da Árvore na Rua de Álvares Cabral, Porto DR
Fotogaleria
Casa da Árvore na Rua de Álvares Cabral, Porto DR

Na Rua de Álvares Cabral, no centro do Porto, um edifício contrasta com as centenárias casas de fachada granítica. Tem casa no nome, mas é um prédio feito de betão de cor verde que, segundo Nuno Grande, arquitecto do atelier Pedra Líquida, brilha tanto como os azulejos das moradias que o rodeiam. 

Mas para lá da fachada de três janelas, o edifício esconde uma recordação do passado: um jardim interior e um grande ácer que, além de permitir a entrada de luz e funcionar como barreira sonora entre cada andar, é uma homenagem à velha árvore que ali existiu durante anos. 

“Era uma árvore que, quando lhe cresciam as folhas, invadia a rua e criava um momento inusitado no meio de fachadas semelhantes. Comprámos o terreno e queríamos que a planta ficasse, mas não foi possível. Decidimos então que, um dia, quando a obra terminasse, iríamos replantar uma árvore no mesmo sítio e esperar que ocupasse a rua com as folhas”, explica o arquitecto. 

Decidiram também que tanto no interior como no exterior da Casa da Árvore predominaria o material que, segundo Nuno Grande, “as pessoas tendem a detestar”, o betão armado. Este material, que em certas divisões é verde e noutras é cinzento, é feito com salpicos de vidro reciclado que se assemelham à pedra brita tradicionalmente utilizada no processo de fabrico. “O betão é um material que tem emissões de carbono muito elevadas durante a produção. Queríamos que fosse mais ecológico e utilizámos vidro que iria para o lixo porque nem sequer dava para fazer garrafas”, justifica. 

Para os pavimentos dos apartamentos optaram por madeira e, para o chão da entrada, mosaico vidrado italiano que reflecte e enche o átrio de luz natural. Nas escadas e varandas saltam à vista as cordas conjugadas com as barras de metal.

As obras da Casa da Árvore, que começaram em 2019, terminaram este ano com a prometida plantação da nova árvore. Neste momento, os apartamentos de tipologia T2 fazem parte do hotel da frente, o Tipografia do Conto, outro projecto da autoria do atelier, mas, segundo o arquitecto, estão desenhados para poderem ser convertidos em habitações no futuro. 

Para Nuno Grande, a Casa da Árvore funcionou como um “laboratório de testagem de materiais” e de técnicas arquitectónicas que, habitualmente, não são as preferidas dos clientes para a construção de uma casa. Ainda assim, afirma, prova que, afinal, o betão pode ser bonito e “homenagear uma memória antiga”.

PEDRO CARDIGO
Alexandre Delmar
PEDRO CARDIGO
PEDRO CARDIGO
PEDRO CARDIGO
PEDRO CARDIGO
PEDRO CARDIGO
PEDRO CARDIGO
PEDRO CARDIGO
PEDRO CARDIGO
PEDRO CARDIGO
PEDRO CARDIGO
PEDRO CARDIGO
Nuno Grande
PEDRO CARDIGO
PEDRO CARDIGO
PEDRO CARDIGO
PEDRO CARDIGO
Nuno Grande
PEDRO CARDIGO
PEDRO CARDIGO
Pedro Cardigo
Pedro Cardigo
Pedro Cardigo
Sara Berenguer
PEDRO CARDIGO