Rússia ameaça retaliar contra a Ucrânia após nova vaga de ataques com ATACMS

Mísseis de longo alcance foram utilizados contra alvos na região de Kursk, que a Rússia pretende recuperar do controlo ucraniano. Reino Unido enviou dezenas de mísseis para Kiev.

Foto
Vladimir Putin criticou a autorização dada pelos países ocidentais à Ucrânia para que possa usar mísseis de longo alcance contra a Rússia VYACHESLAV PROKOFIEV / SPUTNIK / KREMLIN POOL / EPA
Ouça este artigo
00:00
03:00

A Rússia acusa a Ucrânia de ter atingido o seu território com mísseis ATACMS, produzidos nos EUA, duas vezes nos últimos três dias e promete responder, disse o Ministério da Defesa nesta terça-feira.

De acordo com uma publicação do Ministério da Defesa russo no seu canal oficial Telegram, o Exército ucraniano lançou até cinco mísseis tácticos ATACMS no sábado passado, três dos quais foram destruídos e os restantes dois “atingiram o alvo”. Moscovo confirmou que este evento provocou danos materiais e também confirmou “baixas entre o pessoal”.

Entretanto, as autoridades russas informaram que, na véspera, tinha ocorrido um outro ataque ucraniano, desta vez envolvendo oito ATACMS e visando o aeródromo de Kursk. Moscovo sublinhou que apenas um dos projécteis conseguiu atingir o alvo, embora os fragmentos de alguns dos sete mísseis abatidos tenham deixado pelo menos dois militares ligeiramente feridos.

“Durante o exame dos locais atacados, foi confirmado de forma fiável que as Forças Armadas da Ucrânia realizaram ataques com mísseis tácticos operacionais ATACMS de fabrico americano. O Ministério da Defesa da Federação Russa está a acompanhar a situação e estão a ser preparadas medidas de resposta”, afirmou Moscovo.

Os ataques ucranianos ocorreram na região fronteiriça de Kursk, ocupada parcialmente pelas forças de Kiev desde Agosto, mas que o Exército russo tem conseguido recuperar nas últimas semanas.

O Kremlin não revelou que medidas retaliatórias pretende adoptar para responder à vaga de ataques com mísseis de longo alcance pela Ucrânia. Na semana passada, as forças russas usaram um míssil balístico hipersónico experimental num ataque à região ucraniana de Dnipropetrovsk, como resposta a um bombardeamento ucraniano em que foram usados ATACMS e Storm Shadow, de fabrico britânico.

O Governo russo afirmou que a utilização de mísseis ocidentais pela Ucrânia para atacar território da Federação Russa não pode ficar sem resposta.

Durante meses, as autoridades ucranianas pediram aos seus parceiros ocidentais que autorizassem as suas forças a usarem mísseis de longo alcance contra alvos militares na Rússia. Depois de um longo período de hesitação, a Administração de Joe Biden desbloqueou a proibição na semana passada. O Reino Unido entretanto anunciou a entrega de dezenas de mísseis Storm Shadow para fortalecer o arsenal ucraniano, de acordo com fontes citadas pela Bloomberg.

Na mesma altura, o Presidente russo, Vladimir Putin, aproveitou a ocasião para reafirmar a nova doutrina nuclear do país e para avisar que a guerra na Ucrânia está agora a transformar-se num “conflito global”.

Na madrugada desta terça-feira, a Rússia realizou a maior vaga de ataques aéreos desde o início da invasão, com recurso a 188 drones, que visaram as infra-estruturas energéticas ucranianas e atingiram alguns edifícios residenciais.

Entretanto, os chefes da diplomacia do G7, reunidos em Itália nesta terça-feira, reforçaram as promessas de apoio à Ucrânia e condenaram o comportamento imprudente e agressivo da Rússia, referindo-se ao ataque com o míssil hipersónico na semana passada. O nosso apoio à integridade territorial, soberania e independência da Ucrânia irá permanecer inabalável, afirmaram os ministros numa declaração conjunta.