Montenegro sobre INEM: responsabilidades políticas podem não significar demissões
“Então e o ministro seguinte vai-se demitir também porque a situação é igual?”, questiona o primeiro-ministro.
O primeiro-ministro assegurou nesta segunda-feira que, se forem apuradas responsabilidades políticas quanto às mortes ocorridas durante a greve do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), "elas terão de ser assumidas". Mas, no seu entender, isso pode não significar demissões.
Luís Montenegro falava na conferência que assinala o terceiro ano da CNN Portugal. Questionado sobre o que diria o líder da oposição perante onze mortes durante a greve dos técnicos do INEM, respondeu: "Diria que era preciso apurar-se responsabilidades, diria que o sistema de saúde não estava a corresponder, que era preciso perceber o que é que tinha acontecido e era preciso corrigir e, eventualmente, responsabilizar politicamente quem fosse responsável por isso, se essa evidência se tornasse clara."
"Com certeza que, se houver responsabilidades políticas, elas terão de ser assumidas, nós não vamos furtar-nos a essa responsabilidade", acrescentou.
Questionado se essas responsabilidades políticas podem chegar à ministra da Saúde, Montenegro acrescenta que podem passar até pelo próprio primeiro-ministro: "Eu tenho de assumir a responsabilidade sobre aquilo que fazem os membros do Governo, sobre aquilo que fazem as instituições que nós tutelamos."
No entanto, interrogado se tal implicaria demissões, respondeu: "Não estou a pensar demitir-me, estou a pensar assumir as responsabilidades. Assumir responsabilidades políticas não significa demitir-se, isso é um conceito novo, esse conceito não existe."
"É um conceito novo porque não é por se demitirem pessoas que a responsabilidade política ficou cabalmente assumida e no dia seguinte parece que está tudo bem. Vamos fazer este exercício: a senhora ministra A ou o senhor ministro A demitem-se. No dia seguinte a situação é igual, então e o ministro seguinte vai-se demitir também porque a situação é igual? A responsabilidade política sobre aquilo que nós decidimos tem de ser aferida, consoante a gravidade da responsabilidade terão, naturalmente ,de se tomar as devidas decisões", opinou.