NATO diz que novos planos para a defesa exigem gastos de 3% do PIB
Rob Bauer, presidente do comité militar da NATO, justifica subida com a necessidade de executar novos planos de defesa, especialmente face à ameaça da Rússia.
O presidente do comité militar da NATO, Rob Bauer, afirmou que os novos planos de defesa da Aliança Atlântica necessitam que os Estados gastem 3% do PIB, acima do objectivo dos 2% pedidos actualmente aos países membros.
"A percentagem global necessária para tornar os novos planos executáveis está muito mais próxima dos 3% do PIB do que dos 2%", avisou Bauer num discurso no think tank europeu European Policy Centre, onde discutiu o futuro da NATO, especialmente depois da tomada de posse do novo Presidente norte-americano Donald Trump e com uma possível escalada da guerra na Ucrânia.
"Espero que, com a nova administração Trump, haja uma discussão muito mais intensa sobre quanto mais a Europa e o Canadá precisam de gastar, e essa é uma discussão saudável e válida", acrescentou Bauer, almirante da Marinha neerlandesa.
A possibilidade de os estados-membros gastarem mais no sector da Defesa tem sido discutida e é apoiada por Donald Trump e os seus aliados.
Em Março deste ano, o Presidente polaco Andrej Duda já tinha pedido aos Estados-membros da NATO que aumentassem os gastos militares para o nível de 3% do PIB devido às "ambições imperialistas da Rússia", que empurram "Moscovo para um confronto directo com a NATO, com o Ocidente". Em Abril, Timo Pesonen, director-geral da Comissão Europeia para a indústria de defesa, afirmou que "alguns" Estados-membros estavam também a pedir que se gastasse 3% do PIB.
Uma das ideias repetidas por Donald Trump não só na campanha para a eleição de Novembro mas também durante a sua anterior presidência foi que os outros países da NATO deviam a sua quota-parte, chegando mesmo a ameaçar que não iria proteger os países europeus caso estes não o fizessem, algo que contrariaria o artigo 5.º do Tratado do Atlântico Norte, que garante a defesa mútua dos países membros em caso de ataque.
Exército russo maior mas com "menos qualidade"
No mesmo discurso, citado pela Reuters, Rob Bauer afirmou que, desde o início da invasão da Rússia, o exército russo está maior mas a qualidade é menor, especialmente no que diz respeito ao estado do equipamento militar e ao nível de treino dos soldados.
"Neste momento, os russos não são a mesma ameaça que eram em Fevereiro de 2022, pelo que temos algum tempo para nos prepararmos", disse Bauer , apontando para um maior investimento na indústria militar e avisando os líderes empresariais para se prepararem para um "cenário de tempo de guerra".
"As empresas precisam de estar preparadas para um cenário de guerra e ajustar as suas linhas de produção e distribuição em conformidade. Porque, embora possam ser os militares a ganhar as batalhas, são as economias que ganham as guerras", sublinhou,
"Se conseguirmos garantir que todos os serviços e bens cruciais possam ser entregues, aconteça o que acontecer, então essa é uma parte fundamental da nossa dissuasão", afirmou o almirante, apontando como exemplos o risco de sabotagem e o fornecimento de energia à Europa e que pode acontecer, segundo ele, com a China.
"Pensámos que tínhamos um acordo com a Gazprom, mas na realidade tínhamos um acordo com o Sr. Putin. O mesmo se aplica às infra-estruturas e aos bens detidos pela China. De facto, temos um acordo com Xi (Jinping)", avisou ainda, notando que seriam "ingénuos" se achassem que a China nunca usaria esse poder face à dependência europeia, numa altura em que a China produz 60% e processa 90% de todos as terras raras usados na Europa e que são indispensáveis à tecnologia actual.
"Os líderes empresariais da Europa e da América têm de compreender que as decisões comerciais que tomam têm consequências estratégicas para a segurança da sua nação", acrescentou.