Perante aumento da tensão internacional, Alemanha quer mais bunkers para civis

Caves, parques de estacionamento e estações de metro podem ser transformados em abrigos. Está planeada uma app que indicará onde se encontra o bunker mais próximo.

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Bunker em Berlim, Alemanha FABRIZIO BENSCH / REUTERS
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A Alemanha está a trabalhar numa proposta para aumentar o número de bunkers disponíveis para civis, procurando instalações públicas e privadas que possam ser convertidas, se necessário, em abrigos de bombardeamento. Caves, parques de estacionamento subterrâneos e estações de metro são alguns dos espaços contemplados e está planeada uma app que indicará onde se encontra o bunker mais próximo, confirmou o Ministério do Interior.

O jornal Bild, que noticiou o chamado "bunkerplan" nesta segunda-feira, disse que o conceito estava a ser desenvolvido em resposta ao agravamento da situação de ameaça internacional, mas um porta-voz do ministério não confirma esta informação e também não avançou com uma data para a proposta estar pronta. A população também será encorajada a criar abrigos nas suas casas, em caves ou garagens.

O porta-voz do ministério avançou ainda que os pontos principais do plano foram acordados numa reunião de altos funcionários em Junho e que um grupo de trabalho está agora a analisar a questão.

As organizações de protecção civil na Alemanha apelaram a uma expansão mais rápida do número de abrigos, o que inclui a construção de estruturas nas quais até 5 mil pessoas podem ser alojadas num curto espaço de tempo. Actualmente, existem 579 centros de acolhimento públicos destinados à protecção civil no país, a maioria da Segunda Guerra Mundial e da Guerra Fria, com uma capacidade de cerca de 480 mil pessoas.

A Alemanha tem-se concentrado cada vez mais na defesa do seu próprio território desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, em Fevereiro de 2022, que trouxe consigo receios de uma escalada mais vasta no continente europeu. Como sinal da urgência dos preparativos, um alto responsável militar da NATO exortou, na segunda-feira, as empresas a prepararem-se para um cenário de guerra e a ajustarem as suas linhas de produção e distribuição em conformidade, a fim de serem menos vulneráveis à chantagem de países como a Rússia e a China.

No âmbito da operação "Plano Alemanha", que a imprensa alemã divulgou no início do mês, os governos federal e estaduais, o exército, as autoridades de segurança e os serviços de emergência estão a coordenar a forma como poderão defender o país em caso de conflito.

No âmbito do plano, que é confidencial, os representantes do exército são regularmente convidados a informar as empresas sobre os pontos gerais que devem ter em conta nos seus preparativos, disse na semana passada um porta-voz do Ministério da Defesa alemão.

Também em resposta ao agravamento da situação de ameaça internacional, a Suécia decidiu enviar, este mês, panfletos de preparação para “guerra ou outras crises inesperadas” a todas as famílias. O panfleto “If Crisis or War Comes”, que já existia, foi actualizado, pela primeira vez em seis anos, por causa do declínio da segurança relacionado com a invasão em larga escala da Ucrânia pela Rússia. O panfleto, ou antes, o pequeno livro, é agora duas vezes maior e tem mais de 40 páginas.

Entre outras informações, há listas de alimentos e objectos essenciais a ter sempre em casa, bem como medicação, e instruções sobre o que fazer perante vários cenários. Também é pedido aos cidadãos que se certifiquem de que se podem defender sozinhos, pelo menos inicialmente, em circunstâncias de crise. Há, por exemplo, recomendações sobre como agir numa situação em que as habitações fiquem sem energia no pico do Inverno, em que as temperaturas podem chegar aos 20ºC negativos.