Um FC Porto pior fora de casa? Em 2001-02, com Octávio Machado
Em matéria de resultados, tem sido uma equipa de duas caras a comandada por Vítor Bruno. Em casa o registo é quase perfeito, longe do Dragão é o segundo pior do século.
O FC Porto vive um momento delicado. A eliminação da Taça de Portugal, às mãos do Moreirense, elevou para três os jogos consecutivos a perder na presente temporada, uma sequência invulgar e que elevou os níveis de contestação no Dragão. A débacle dos "azuis e brancos" tem acontecido essencialmente fora de casa, apresentando um registo negativo só superado pela equipa de 2001-02.
Adeptos insatisfeitos à espera do autocarro, pedidos de explicações ao presidente do clube, André Villas-Boas, e pressão acrescida sobre os ombros de Vítor Bruno, treinador que assegura a transição em relação à equipa técnica de Sérgio Conceição e que está a atravessar um período desportivo complicado, com muitos sobressaltos. Um contexto agudizado pelo terceiro desaire seguido, depois das derrotas com Benfica (4-1), para o campeonato, e com a Lazio (2-1), para a Liga Europa.
Em comum, todos os maus resultados averbados pelo FC Porto em 2024-25 têm a condição de visitante. Em casa, os "dragões" têm sido dominadores, com um registo de oito vitórias e um empate (3-3, frente ao Manchester United, para a Liga Europa), mas fora de portas a história é outra, acumulando quatro triunfos e cinco derrotas - às três já referidas, juntam-se o 2-0 em Alvalade, diante do Sporting, e o 3-2 na Noruega, frente ao Bodo/Glimt.
É, inquestionavelmente, um registo invulgar. Até porque, na presente temporada, o nível de exigência na frente europeia baixou face ao que tem sido o passado recente, com presença assídua na Liga dos Campeões. Ora, para encontrar números mais negativos que os actuais é necessário recuar ao início do século, concretamente a 2001-02, altura em que a equipa era comandada por Octávio Machado.
Nessa época, o FC Porto iniciou a caminhada, fora do seu recinto, com duas derrotas. Caiu frente ao Barry Town, na pré-eliminatória da Champions (3-1) e logo depois diante do Sporting (1-0), no arranque do campeonato. Seguiram-se duas vitórias (Grasshoppers, 2-3, e Marítimo, 1-3), um empate (Benfica, 0-0) e uma nova vitória (Rosenborg, 1-2), antes de mais três desaires consecutivos: Celtic (1-0), Beira-Mar (2-0) e Juventus (3-1).
Contas feitas, nos nove primeiros jogos longe do Estádio das Antas, o FC Porto sofreu registou cinco derrotas, um empate e três vitórias. A época seria de tal modo atribulada que, no final de Janeiro de 2002, depois de mais um mau resultado (2-0 no Estádio do Bessa, frente ao Boavista), Octávio Machado abandonaria o cargo para ceder o lugar a José Mourinho.
Em sentido inverso, neste século, o melhor arranque dos "dragões" fora de casa aconteceu em 2010-11, com oito triunfos e um empate (na época passada esteve lá próximo, com oito vitórias e uma derrota), também num contexto em que a equipa disputava a Liga Europa. Quem era o treinador na altura? O actual presidente, André Villas-Boas. E o FC Porto terminaria toda a temporada apenas com quatro derrotas - menos uma das que já apresenta nesta altura.