Uma fêmea de tubarão-branco com quase seis metros de comprimento foi encontrada morta numa linha de captura inteligente em Queensland, em Agosto, quando estava grávida de quatro bebés. Com 5,62 metros, a fêmea é a maior espécime de um tubarão-branco já capturado no programa de controlo da espécie daquele estado australiano, que funciona desde 1962.
Segundo avança o The Guardian, o Departamento de Indústrias Primárias do estado australiano recolheu amostras do espécime para que vários investigadores aproveitem a oportunidade para estudar um animal "tão grande".
Há cerca de 750 tubarões-brancos adultos a viver ao longo da costa leste da Austrália, mas raramente são capturados por estas linhas. Em 2024, o número de tubarões (de todas as espécies) capturados nas águas de Queensland aumentou para 1200, um valor bem acima do ano anterior (cerca de 950).
Tubarões-touro, tubarões-brancos e tubarões-tigre são algumas das espécies visadas pelo programa, que tem como objectivo reduzir o risco de ataque de tubarão nas águas costeiras de Queensland. Exemplares destas espécies são eutanasiados após serem capturados nas linhas de pesca, uma política que atraiu críticas de activistas do bem-estar animal, incluindo Leonardo Guida, citado pelo jornal britânico.
“Esta magnífica fêmea, com quase seis metros de comprimento, só precisava de estar algumas centenas de quilómetros mais ao sul e, mesmo se estivesse viva, teria sido morta a tiros”, disse Guida, da Sociedade Australiana de Conservação Marinha.
Também Lauren Sandeman, activista marinha da Humane Society International (HSI), disse à ABC Austrália que a morte de uma fêmea adulta, ainda mais com este "tamanho surpreendente", é "devastadora". "Perder uma fêmea reprodutora tão grande e os seus bebés é uma perda devastadora para a população oriental de tubarões-brancos, que tem apenas algumas centenas de indivíduos em idade adulta", disse, acrescentando que isto afectaria a população, que demora muito tempo a atingir a maturidade sexual.
Tubarões capturados dentro do parque marinho da Grande Barreira de Corais – como a fêmea de 5,62 metros – não são habitualmente mortos, mas sim marcados e soltos assim que são encontrados. No entanto, os tubarões podem morrer se ficarem presos durante longos períodos de tempo, como terá sido o caso deste tubarão-fêmea.
“Se Queensland já tivesse feito a transição para estratégias de mitigação de mordidas de tubarão totalmente não letais, apoiadas por evidências, este tubarão não estaria morto e ainda estaria a vaguear pelos nossos oceanos”, diz Leonardo Guida.
Mudanças nas condições ambientais e novos equipamentos utilizados pelo programa estadual podem ser responsáveis pelo aumento nas capturas, especialmente em Gladstone e na Costa de Capricórnio, admitiu o departamento, sublinhando que todos os tubarões que não fazem parte das espécies visadas, bem como outros animais, são soltos sempre que possível.
Tracey Scott-Holland, do Departamento de Agricultura e Pesca, disse à ABC Austrália que as pessoas devem fazer o que puderem para reduzir o risco de interagir com um tubarão. "Nadar fora de áreas assinaladas, mesmo em praias patrulhadas, ao amanhecer, anoitecer ou junto a cardumes de peixes são actividades e evitar", disse.