Este domingo há revista Ímpar nas bancas. Esta sai semestralmente e versa sobre os temas que, no dia-a-dia, exploramos nesta secção do PÚBLICO, é sobre bem-estar, beleza, relações, famílias, moda, pessoas, consumo e luxo. A cada seis meses escolhemos um mote que dê união a todos estes temas e, desta vez, é o movimento. A importância de encontrarmos o equilíbrio.

E, como tudo é movimento, na semana que passou conversámos com a jornalista Mafalda Anjos que escreveu um livro a pensar nos seus filhos, mas que pode ser lido por todos os outros filhos, bem como pais, avós, tios... Carta a um Jovem Decente é o desejo de termos uma sociedade mais equilibrada e menos polarizada, com jovens que tenham as suas ideias e respeitem as dos outros. A autora constata esta falta de vergonha, que nos dá o direito, acreditamos, de dizer tudo, de ofender o outro, em nome da liberdade de expressão.

Não é fácil falar de decência no mundo das redes sociais e dos algoritmos, diz Mafalda Anjos, mas os pais têm de fazer um esforço, têm de falar com os filhos, têm de lhes explicar que precisam de desconfiar, de suspeitar de tudo o que vêem, de procurar a verdade. Esta preocupação com as gerações mais novas, levou Catarina Furtado a criar o Ponto de Luz, um podcast em que junta um professor e um aluno. E, nesta semana, o tema é Redes sociais e saúde mental. Quer Mafalda Anjos, quer Catarina Furtado fazem referência ao especialista norte-americano Jonathan Haidt, que entrevistei no Verão por ocasião do lançamento do seu livro A Geração Ansiosa, vale a pena espreitar.

Esta ideia do "ninguém manda em mim e eu faço o que me apetece" leva a situações caricatas como a da Miss Portugal que foi mascarada de Nossa Senhora de Fátima à Miss Universo; ou da cantora norte-americana Sabrina Carpenter e a portuguesa Marie que foram criticadas por fazer vídeos dentro de igrejas.

No mundo da moda, o relatório anual The State of Fashion não é muito animador para as empresas, mas levanta o véu para uma tendência, a meu ver, positiva. Os consumidores começam a mostrar cansaço do mundo virtual, querem ver as peças nas lojas e querem ser bem atendidos presencialmente. E, se até agora, as marcas estavam concentradas nas novas gerações, perceberam que estas estão a perder poder de compra e voltam-se para a "geração de prata", os maiores de 50 anos. Como diz o filósofo e sociólogo francês Gilles Lipovetsky: "Já não existe uma imagem consensual do luxo." E a consultora norte-americana Heather Boesch defende, para as marcas de luxo portuguesas, que não fiquem amarradas ao passado. Esta semana ficámos ainda a saber qual é o sítio mais caro do mundo para fazer compras fica numa ruazinha de Milão. 

No fundo, a procura dos consumidores é por empatia. Empatia essa que falta quando não conseguimos pôr-nos no lugar do outro. Voltando à decência, que pode ser um sinónimo de empatia, mas também de educação — não só de adquirir conhecimento, mas também de saber estar —, nada como ler. Esta semana, a rainha Camila recebeu um doutoramento honoris causa pela sua defesa da literatura e promoção da literacia. O gosto pela leitura terá sido herdado do pai, Bruce Shand, que lhe lia histórias quando era pequena. "Ele escolhia os livros e nós ouvíamos. E acho que foi o seu amor pelos livros que ficou enraizado em nós, desde muito cedo", contou a rainha. Se as crianças e jovens lerem — vá espreitando as propostas da Rita Pimenta, no seu Letra Pequena —, estarão menos tempo nos ecrãs e, quem sabe, tornar-se-ão pessoas decentes.

Boa semana!