Novas ordens de evacuação de Israel, desta vez para subúrbios da Cidade de Gaza
Director de hospital Kamal Adwan atingido em ataque. Chuva torrencial leva tendas de deslocados e junta-se a uma litania de problemas.
O Exército israelita emitiu novas ordens de evacuação, desta vez para um subúrbio da Cidade de Gaza, justificando-o com disparos de rockets de combatentes do movimento islamista Hamas contra o Sul de Israel.
O Exército israelita leva, desde 5 de Outubro, uma operação no Norte, bloqueando três cidades (Jabalia, Beit Lahiya and Beit Hanoun) separando-as da Cidade de Gaza, para onde fugiram muitas pessoas dessa ofensiva renovada.
Agora, é um local da grande cidade a ser alvo de ordens de evacuação, e de novo surgiram imagens de famílias a pé ou de burro, com raros veículos, tentando levar consigo o que podiam, imagens já familiares de outras ondas de deslocações devido a ordens anteriores do Exército em vários locais do território palestiniano.
Muitas pessoas deslocadas fizeram-no já várias vezes, por verem destruídas casas suas ou de família, escolas ou mesquitas que serviam de abrigo, ou por os locais onde estavam serem alvo de ordens de evacuação do Exército de Israel.
No Norte registou-se ainda um novo ataque das forças israelitas ao hospital Kamal Adwan, que deixaram o seu director, Hussam Abu Safiya, ferido. “Estamos a ser atacados todos os dias”, declarou num vídeo que o mostrava numa cama do hospital. Mas “isto não nos vai impedir de realizar a nossa missão humanitária e vamos continuar a qualquer preço”, garantiu.
O hospital é um dos três do Norte que não conseguem prestar serviços considerados mínimos pelo cerco que não permite a passagem de material (Israel nega a acusação) e pelas detenções de pessoal médico pelas forças de Israel, além dos ataques directos.
A organização Human Rights Watch recolheu testemunhos de médicos e pessoal de saúde entretanto libertado por Israel e detalhou, num relatório em Agosto, uma série de abusos “que estão a acontecer nas sombras”.
“A tortura e outros maus-tratos infligidos a médicos, enfermeiros e paramédicos devem ser investigados cabalmente e adequadamente punidos, nomeadamente pelo Tribunal Penal Internacional”, disse a directora da organização para o Médio Oriente Balkees Jarrah, num comunicado da organização (emitido antes de o TPI anunciar a emissão de mandados de captura para o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu por crimes de guerra e contra a humanidade.)
Muitas pessoas optaram por não sair do Norte na primeira fase da guerra porque temiam também não estar seguras mais a sul – e, de novo, este domingo, ataques em dois locais no centro deixaram dez mortos e deram motivo para o que têm vindo a repetir agências humanitárias e residentes do local: que não há locais seguros em Gaza.
Além de tudo isto, chuvas torrenciais arrastaram tendas de pessoas deslocadas (muitas delas várias vezes ao longo destes 13 meses) e estragaram ainda alguma da pouca comida disponível.
*com Reuters