Vice-presidente da Filipinas ameaça mandar matar o Presidente Ferdinand Marcos Jr.

Sara Duterte diz que contratou um assassino para matar Marcos Jr. se ela própria for morta. Governo denuncia “ameaça activa” e pede “acção imediata”.

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Sara Duterte, vice-presidente das Filipinas e ex-ministra da Educação Lisa Marie David / REUTERS
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A vice-presidente das Filipinas, Sara Duterte, anunciou na sexta-feira à noite que contratou um assassino para matar o Presidente, a mulher e o presidente da Câmara dos Representantes se ela própria for morta.

A filha do ex-Presidente filipino, Rodrigo Duterte, fez a ameaça durante uma conferência de imprensa, segundo a agência noticiosa norte-americana AP, e garantiu que não se tratava de uma piada.

A declaração foi considerada como uma “ameaça activa” contra o Presidente Ferdinand Marcos Jr. e remetida para uma força de elite de guardas presidenciais “para acção imediata e adequada”, disse este sábado o secretário executivo, Lucas Bersamin.

Não ficou imediatamente claro que medidas seriam tomadas contra a vice-presidente.

“Qualquer ameaça contra a vida do Presidente deve ser sempre levada a sério, tanto mais que esta ameaça foi revelada publicamente em termos claros e seguros”, disse o Governo num comunicado.

Marcos Jr. concorreu com Duterte como candidata para a vice-presidência nas eleições de Maio de 2022, e ambos obtiveram vitórias esmagadoras com base numa campanha de unidade nacional.

No entanto, os dois líderes e os seus campos rapidamente se desentenderam em questões fundamentais, incluindo na abordagem às acções agressivas da China no disputado mar do Sul da China.

Em Junho, Duterte demitiu-se do cargo de ministra da Educação e de chefe de um organismo anti-insurreição.

Tal como o pai, Rodrigo Duterte, a vice-presidente tornou-se uma crítica acérrima de Marcos, da sua mulher, Liza Araneta-Marcos, e do presidente da Câmara de Representantes, Martin Romualdez, aliado e primo em segundo grau do Presidente.

A vice-presidente acusa-os de corrupção, incompetência e perseguição política da família Duterte e dos apoiantes mais próximos.

A ameaça pública foi desencadeada pela decisão dos deputados aliados de Romualdez e Marcos de mandar deter a chefe de gabinete da vice-presidente, Zuleika Lopez.

Lopez foi acusada de dificultar um inquérito do Congresso sobre a possível utilização indevida do orçamento de Sara Duterte enquanto vice-presidente e ministra da Educação.

Numa conferência de imprensa online, realizada antes do amanhecer, Sara Duterte, furiosa, acusou Marcos de incompetência como Presidente e de ser um mentiroso, bem como a mulher e o presidente da Câmara, em comentários carregados de palavrões, segundo a AP.

Quando questionada sobre as preocupações com a sua segurança, a advogada de 46 anos sugeriu a existência de um plano não especificado para a matar.

“Não se preocupem com a minha segurança porque eu falei com alguém. Eu disse: ‘se me matarem, matam o ‘BBM’, a Liza Araneta e o Martin Romualdez’. Não é brincadeira, não é brincadeira”, disse a vice-presidente.

‘BBM’ são as iniciais de “Bongbong” Marcos, o nome por que muitos filipinos identificam o Presidente, filho do ditador Ferdinand Marcos (1965-1986).

“Dei a minha ordem: ‘Se eu morrer, não parem até os matarem’”, afirmou Sara Duterte.

Nos termos do Código Penal filipino, tais comentários públicos podem constituir um crime de ameaça de infligir um mal a uma pessoa ou à sua família e são puníveis com pena de prisão e multa.

Rodrigo Duterte ficou conhecido por uma violenta campanha policial contra o narcotráfico quando era presidente da câmara de Davao e, mais tarde, Presidente da República (2016-2022).

A campanha causou a morte de milhares de suspeitos de tráfico de droga, na maioria menores, um caso que o Tribunal Penal Internacional (TPI) está a investigar como possível crime contra a humanidade.

O antigo Presidente negou ter autorizado execuções extrajudiciais no âmbito da campanha repressiva contra a droga, mas tem feito declarações contraditórias.

Em Outubro, disse num inquérito público realizado no Senado filipino que tinha mantido um “esquadrão da morte” para matar outros criminosos quando era presidente da câmara de Davao, no Sul do país do Sudeste Asiático.