Northvolt pede protecção contra credores e procura novos investidores

Parceira da Galp no projecto da refinaria de lítio, em Setúbal, abriu falência e está em contra-relógio para encontrar novos investidores e evitar o colapso. Fundador e presidente demitiu-se.

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O ex-presidente da Northvolt, Peter Carlsson, diz esperar que o pedido de falência nos Estados Unidos permita à empresa reestruturar as operações CHRISTINE OLSSON / EPA
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Em Outubro, ainda havia a expectativa de que a Northvolt iria conseguir fechar um pacote de resgate de 276 milhões de euros junto de credores, accionistas e clientes que lhe permitisse evitar o colapso.

Hoje, sabe-se que o plano foi insuficiente e que a fabricante sueca de células para baterias de veículos eléctricos, que é parceira da Galp no projecto da refinaria de lítio de Setúbal, apresentou um pedido de protecção contra credores no Estado do Texas e precisa de levantar 1,2 mil milhões de euros para retomar a sua actividade.

Essa foi a informação deixada à imprensa pelo fundador e até agora presidente da empresa, Peter Carlsson, que se demitiu do cargo, assumindo responsabilidade pelo descalabro financeiro em que a Northvolt se encontra no momento. A situação de dificuldade tornou-se evidente em Junho, quando a fabricante de células de baterias falhou um fornecimento à BMW, levando a fabricante alemão a romper um contrato de dois mil milhões de euros.

Aquela que era tida pelas autoridades europeias como a grande esperança para combater a concorrência chinesa no fabrico das baterias de iões de lítio está, neste momento, num momento decisivo e os fundos que tem chegam apenas para uma semana.

“A apresentação de um pedido de abertura de um processo [de protecção contra credores] ao abrigo do Capítulo 11 permite um período durante o qual a empresa pode ser reorganizada, aumentar as operações honrando os compromissos com os clientes e fornecedores e, em última análise, posicionar-se a longo prazo”, afirmou Carlsson aos jornalistas, citado pela Reuters.

O gestor, que foi executivo da Tesla antes de fundar a Northvolt, assumirá um papel de conselheiro sénior e continuará a ser membro do conselho de administração, refere a Reuters. Ao leme das operações fica agora a administradora financeira, Pia Aaltonen-Forsell, e a responsabilidade das operações passa para Matthias Arleth.

Segundo o Financial Times, “a Northvolt reuniu mais de 50 mil milhões de dólares [47 mil milhões de euros] em encomendas de grupos automóveis como a Volkswagen, BMW, Scania e Porsche, bem como milhares de milhões de euros em capital dos mesmos grupos e de investidores financeiros, incluindo a Goldman Sachs e a BlackRock”.

Ao declarar-se em processo de falência, a empresa espera conseguir aceder “a 145 milhões de dólares [137 mil milhões de euros] em dinheiro e 100 milhões de dólares [95 milhões de euros] em novos financiamentos do fabricante de camiões [sueco] Scania”, refere o FT, acrescentando que a empresa está em busca de novos investidores que lhe garantam fundos para sair da protecção do Capítulo 11.

A empresa, que nos últimos dias também viu demitir-se do conselho de administração o representante da Volkswagen – maior accionista, com uma posição de 21% –, tem dívidas em torno de 5,8 mil milhões de dólares (5,5 mil milhões de euros). No Verão, anunciou o despedimento de quase sete mil pessoas e o congelamento dos projectos de construção de fábricas em vários países.

No pedido consultado pelo PÚBLICO, a Northvolt revela que os maiores credores do grupo são a empresa de soluções tecnológicas e industriais para o sector eléctrico Volta (credora de 3,8 mil milhões de dólares), o banco estatal alemão KFW (cerca de 696 milhões de dólares), a Volkswagen (355 milhões de dólares) e a agência de emissões obrigacionistas Nordic Trustee & Agency (154 milhões de dólares).

O pedido de protecção contra credores abrange a empresa-mãe, a Northvolt AB, e as diversas subsidiárias: Cuberg, Inc.; Northvolt Ett AB; Northvolt Ett Fastighetsförvaltning AB; NV Texas, LLC, Northvolt Labs AB; Northvolt Revolt AB; Northvolt Systems AB e Northvolt Poland.

Sobre a parceria com a Galp até à data nada foi dito. A petrolífera portuguesa, por seu turno, tem garantido que continua empenhada na unidade de produção de lítio em Setúbal e que está à procura das melhores condições de financiamento para o projecto, que já está em fase de licenciamento ambiental.

O fabricante de baterias de iões de lítio disse na quinta-feira que só tinha dinheiro para prosseguir as operações durante cerca de uma semana e que tinha garantido 100 milhões de dólares em novos financiamentos para o processo de falência, permitindo a continuação das operações. A expectativa da Northvolt é que a reestruturação fique concluída até ao final do primeiro trimestre de 2025.

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