Bastonário lamenta que retirada da vacinação dos mais idosos das farmácias ainda se mantenha

Helder Mota Filipe lembrou que há um conjunto de população que não está institucionalizada e para quem seria mais cómodo ir à farmácia do que ao centro de saúde.

Foto
Bastonário lamenta que ainda não tenha sido revertida a medida que retirou das farmácias a vacinação dos maiores de 85 anos Catarina Póvoa
Ouça este artigo
00:00
02:28

O bastonário da Ordem dos Farmacêuticos lamentou esta quarta-feira que ainda não tenha sido revertida a medida que retirou das farmácias a vacinação dos maiores de 85 anos e disse que há pessoas desta faixa etária ainda não protegidas.

“Quando queremos aumentar a cobertura vacinal, ao mesmo tempo estarmos a retirar postos de vacinação, que são as 2500 farmácias e os 7500 farmacêuticos com disponibilidade para vacinar os que têm maior risco de desenvolver doença grave, não é uma boa medida de saúde pública”, disse Helder Mota Filipe.

Em declarações à Lusa na véspera do Congresso dos Farmacêuticos, que arranca oficialmente na sexta-feira, o especialista reconheceu o esforço feito pelos cuidados primários “para vacinar as pessoas com mais de 85 anos que estão institucionalizadas”, mas lembrou que há um conjunto de população que não está institucionalizada e para quem seria mais cómodo ir à farmácia do que ao centro de saúde.

A campanha de vacinação sazonal este ano alargou a dose reforçada da vacina da gripe às pessoas com 85 anos ou mais que não estão em instituições (lares ou outras organizações de cuidados continuados), mas definiu que esta população teria de ser vacinada nos centros de saúde.

Apelando à reversão desta decisão, o bastonário relatou: “temos tido colegas nossos que reportam casos de pessoas que com mais de 85 anos que mostram vontade de ser vacinadas e não ainda não foram criadas as condições para as vacinar”.

Referindo que o pico da infecção da gripe se aproxima e que é preciso "vacinar rapidamente a população mais frágil", como é o caso das pessoas com 85 anos ou mais. “Continuamos a não perceber, uma vez que foi demonstrada abertura política para passar as vacinas com mais de 85 anos para as farmácias, porque é que ainda não passaram”, afirmou.

Helder Mota Filipe disse que, globalmente, os números da vacinação “são satisfatórios” e apela a que se mantenham as campanhas de comunicação para ter as pessoas informadas sobre as vantagens de se vacinarem: “Para que as pessoas não se esqueçam e para combater uma coisa que está descrita que é a fadiga vacinal”.

No final de Outubro, o Centro Europeu para a Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC) pediu o aumento da vacinação contra a gripe e a covid-19 dos grupos de risco face à aproximação do inverno, considerando insuficiente a cobertura vacinal em muitos Estados-membros.

A campanha de vacinação sazonal iniciou-se em 20 de Setembro, com quase cinco milhões de vacinas contra a gripe e a covid-19 para administrar. Este ano aderiram mais 25 farmácias, num total de 2519 que funcionam em complementaridade com os centros de saúde, administrando as vacinas a utentes entre os 60 e os 84 anos e aos seus profissionais de saúde.