Público Brasil Histórias e notícias para a comunidade brasileira que vive ou quer viver em Portugal.
Imigrantes ganham espaço de aconselhamento jurídico gratuito no Porto
No centro do Porto, na Associação Cultural e Social Casa Odara, toda quarta-feira, dois advogados vão atender imigrantes. Experiência vai até 20 de dezembro e, depois, será reavaliada.
Os artigos da equipa do PÚBLICO Brasil são escritos na variante da língua portuguesa usada no Brasil.
Acesso gratuito: descarregue a aplicação PÚBLICO Brasil em Android ou iOS.
Os imigrantes do Porto passaram a ter, desde quarta-feira (20/11), um espaço para ajudar a resolver seus problemas. A Associação Cultural e Social Casa Odara, localizada no centro da cidade, iniciou atendimento jurídico gratuito para auxiliar estrangeiros a resolverem seus problemas em Portugal.
Segundo Janaína Kruger, diretora executiva da Casa Odara, a iniciativa é resultado da constatação dos problemas dos imigrantes que frequentam a instituição. “No processo de legalização em Portugal, sempre falta alguma coisa que a gente não entende. Mudou do SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras) para a AIMA (Agência para Integração, Migrações e Asilo), e ficou tudo mais confuso. Uma hora o melhor é fazer a Manifestação de Interesse. Outra hora, o melhor é pedir o visto CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa). Aí entra um novo procedimento”, afirma.
O atendimento é feito por dois advogados. “Fizemos uma parceria com os advogados da associação. No caso de informações, o atendimento é gratuito e subsidiado pela Casa Odara, mas alguns processos podem ter uma taxa”, ressalva Janaína.
Ela conta que a Casa Odara está investindo 2 mil euros (R$ 12.200) para garantir os serviços neste primeiro mês. “Vai de 20 de novembro a 20 de dezembro. Depois, vamos avaliar os resultados”, afirma.
Casos reais
A diretora da Casa Odara revela que todo o custo da iniciativa é suportado pela associação. “Não temos nenhum subsídio, a gente não recebe um euro do Governo. É tudo investimento nosso”, diz. No primeiro dia de trabalho dos advogados, foram atendidas oito pessoas.
Questionada sobre que tipo de problemas espera que os advogados ajudem a resolver, Janaína apresenta uma lista de casos reais que conhece. “Tem uma pessoa com autorização de residência aprovada há um ano que não recebeu o documento. Outro que fez a Manifestação de Interesse há cinco anos e ainda não foi chamado e nem tem agendamento marcado na AIMA. Tem o caso de um caminhoneiro que trabalha em transportes internacionais, perdeu os documentos e não consegue a segunda via. Assim, ele não consegue trabalhar”, relata.
Janaína conta que a Casa Odara tem duas vertentes. Inicialmente, ela e sua sócia, Gabriela Barbosa, abriram um salão de beleza especializado em cabelos naturais crespos e cacheados, com uma clientela de principalmente de negras. Em 2023, formaram, com mais oito mulheres, a Associação Cultural e Social Casa Odara.
“Foi criada para atender imigrantes, pessoas racializadas, mulheres e artistas que não encontravam no Porto um lugar onde se sentissem seguros ou onde pudessem mostrar seu trabalho”, explica a diretora. Entre as atividades da Casa, está a organização de workshops, redes de conversa e pocket shows de artistas imigrantes.