Polícia guineense detém dirigentes políticos durante passeata em Bissau

Passeata convocada pelas duas plataformas da oposição ao Presidente acabou ainda antes de começar, com a polícia a disparar gás lacrimogéneo e a levar dirigentes políticos da oposição detidos.

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Polícia detendo um dos dirigentes políticos presentes na passeata DR
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Assim que o líder da Coligação Plataforma Aliança Inclusiva-Terra Ranka, o presidente destituído do Parlamento guineense, se fez presente na passeata desta quinta-feira, convocada pela sua plataforma e pela Aliança Patriótica Inclusiva-Cabas Garandi para animar os seus apoiantes com vista à manifestação nacional marcada para o próximo domingo, e a polícia começou a lançar gás lacrimogéneo e a efectuar detenções de dirigentes políticos. Justificação para as detenções: “Ordens superiores.”

De acordo com a Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH), entre os detidos estão Joana Cobdé Nhanca, presidente do Movimento Social Democrático (MSD); Vicente Fernandes, líder do Partido da Convergência Democrática; José Carlos Cá, presidente da Comissão Política do PAIGC num dos círculos eleitorais de Bissau, todos membros da PAI-Terra Ranka, bem como dois seguranças afectos a Baciro Djá, ex-primeiro-ministro e presidente em exercício da API-Cabas Garandi.

Além destas detenções, a LGDH soube que mais de uma dezena de dirigentes políticos está com paradeiro desconhecido e que as forças de segurança estarão a efectuar uma caça às bruxas contra os opositores políticos que participaram no encontro de contacto com as bases políticas, promovido conjuntamente pela Plataforma Aliança Inclusiva PAI-Terra Ranka e a Aliança Patriótica Inclusiva “Cabas Garandi”.

Fontes do PAIGC acrescentam nomes de dirigentes do partido que foram também levados pela polícia para o Ministério do Interior: Dan Ialá, vice-presidente do partido, Wasna Papai Danfa, membro do Bureau Político, António Patrocínio, secretário nacional, Abubu Sambu, membro do secretariado, e Francisco Muniro Conté, porta-voz.

Em comunicado, o PAIGC fala em "muita dor e preocupação" pelos actos levados a cabo pelas forças policiais, com "lançamento de granadas de gás lacrimogéneo, espancamento e detenção", e manifesta a sua condenação veemente deste "acto brutal e desproporcional contra uma das formas de manifestação permitidas pela lei e legalmente protegidas pela Constituição da República".

O principal partido político da coligação PAI-Terra Ranka aproveita para "alertar a comunidade internacional" e as "organizações defensoras dos direitos humanos e da democracia" em relação ao que se está a passar na Guiné-Bissau, com "os recorrentes actos de desmando e violações dos direitos básicos e fundamentais dos cidadãos guineenses praticados pelo Presidente da República".

Por seu lado, a LGDH, uma das principais e mais activas organizações da sociedade civil guineense, além de condenar as “detenções ilegais, abusivas e arbitrárias”, também “responsabiliza” directamente Umaro Sissoco Embaló “pela vida e integridade física de todos os cidadãos detidos”. Além disso, “exige o fim da perseguição política aos adversários para que o processo eleitoral possa ser retomado num quadro de liberdade e de segurança”.

O Presidente guineense anulou na semana passada as eleições legislativas marcadas para domingo, 24 de Novembro, e esta semana chamou os partidos com assento parlamentar para os ouvir sobre o calendário eleitoral. No entanto, ao invés de apontar uma data para as legislativas, Domingos Simões Pereira foi ao Palácio Presidencial dizer que a solução para a crise política passava por reactivar a Assembleia Nacional Popular, que o chefe de Estado dissolveu no final do ano passado, e por um “governo de transição”.

O mesmo chefe de Estado afirmara na semana passada que as manifestações estavam novamente autorizadas no país, mas ainda na quarta-feira o presidente da Federação das Associações Académicas dos Estudantes da Escola Superior da Educação da Guiné-Bissau FAESE-GB, Agostinho Fanda, denunciou que as forças de segurança do Ministério do Interior espancaram brutalmente estudantes durante uma vigília junto ao Ministério da Educação e detiveram 14 pessoas.

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