Desentendimento entre FC Porto e Fernando Saul prossegue. Caso vai a julgamento

Antigo funcionário e arguido na Operação Pretoriano reclama 80 mil euros ao clube. Defesa quer ouvir Pinto da Costa para memória futura assim que possível.

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Fernando Saul, ex-funcionário do FC Porto LUSA / LUSA
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Foram suficientes dez minutos para perceber que o caso que opõe FC Porto e Fernando Saul apenas será resolvido em julgamento. O antigo funcionário dos portistas e arguido na Operação Pretoriano reclama o pagamento de 80 mil euros, valor que está em falta após o antigo oficial de ligação aos adeptos assinar um acordo que totaliza 118.761 euros com a antiga direcção.

Os portistas recusam pagar o acordo promovido pela equipa então liderada por Jorge Nuno Pinto da Costa, algo deixado claro na audiência judicial desta quinta-feira, 21 de Novembro. Sem mais alternativas e esgotadas as possibilidades de acordo entre as partes, o caso segue agora para julgamento.

A defesa do FC Porto alega que os factos invocados por Saul não correspondem à realidade e julga que não estão reunidas condições para que se possa verificar o pagamento. Convém relembrar que Fernando Saul é um dos arguidos na Operação Pretoriano, caso que investiga os incidentes de violência vividos na assembleias gerais de 13 de Novembro de 2023.

O ex-funcionário é acusado pelo Ministério Público da autoria de 31 crimes: 19 de coacção agravada; sete de ofensa à integridade física no âmbito de espectáculo desportivo; três de atentado à liberdade de informação; um de instigação pública a um crime e outro de arremesso de objecto. É ainda um dos visados pelo FC Porto num pedido de indemnização de cinco milhões de euros que visa os arguidos deste processo, com o clube a alegar perdas patrimoniais e reputacionais.

Do lado de Fernando Saul a defesa alega que o acordo assinado entre funcionário e entidade patronal tem de ser cumprido até ao fim, independentemente da mudança de direcção. A primeira de três prestações foi paga, faltando saldar precisamente dois terços do valor total. Perante a juíza, Paulo Cerqueira, advogado que representa Fernando Saul, mostrou alguma indignação pelo facto de o FC Porto alegar o envolvimento do antigo funcionário na Operação Pretoriano para não pagar o valor restante. “Para isso, fazemos o julgamento já aqui”, afirmou o causídico.

O testemunho de Jorge Nuno Pinto da Costa torna-se aqui especialmente importante, visto ter sido com o antigo presidente “azul e branco” que o acordo foi oficializado. Como é de conhecimento público, o histórico dirigente enfrenta um problema de saúde grave, tendo sido inclusivamente internado na passada quarta-feira.

Na audiência desta quinta-feira transpareceu a vontade da defesa de Fernando Saul de ouvir o antigo presidente portista assim que possível, ponderando-se a gravação de um depoimento para memória futura. Esta alternativa foi também proposta nos autos da Operação Pretoriano, mas a juíza de instrução ainda não se pronunciou sobre a audição desta testemunha. O caso começará a ser julgado em Janeiro de 2025.

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