Prémio Universidade de Lisboa de 2023 vai para o físico Vítor Cardoso

O físico Vítor Cardoso ganhou o Prémio Universidade de Lisboa, que se junta à novidade, conhecida em Outubro, de ter conquistado oito milhões de euros para criar o Centro da Gravidade em Copenhaga.

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O investigador Vítor Cardoso Miguel Manso
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O Prémio Universidade de Lisboa de 2023 acaba de ser atribuído ao físico Vítor Cardoso como reconhecimento pelo “seu extraordinário contributo para o desenvolvimento da física teórica e para o progresso da ciência a nível global”, salienta-se em comunicado. O prémio, no valor monetário de 25 mil euros, distingue uma individualidade portuguesa ou estrangeira que tenha contribuído de forma notável para o progresso e o engrandecimento da ciência ou da cultura e para a projecção internacional de Portugal.

“O seu trabalho, de elevada projecção internacional, transcende as fronteiras da academia, destacando-se como um exemplo inspirador de inovação, liderança e dedicação ao conhecimento científico, motivando e influenciando as futuras gerações de cientistas”, destaca ainda o comunicado da Universidade de Lisboa sobre Vítor Cardoso, que é professor catedrático no Departamento de Física do Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa, bem como no Instituto Niels Bohr da Universidade de Copenhaga.

Ainda em Outubro deste ano, o físico português obteve oito milhões de euros para criar um “centro de excelência” na Dinamarca, atribuídos pela Fundação Nacional de Investigação Dinamarquesa. Vítor Cardoso será o director do Centro de Gravidade, como se chamará esse centro a criar com os oito milhões de euros, a partir de 2025, e que ficará alojado no Instituto Niels Bohr da Universidade de Copenhaga.

No novo Centro de Gravidade irá investigar-se os buracos negros e outros fenómenos do Universo em que a gravidade está presente de forma extrema, como a colisão de estrelas de neutrões – estrelas que, depois de consumirem todo o seu combustível em fusões nucleares, desabam sobre si próprias, tornando-se objectos muito maciços, com uma gravidade também tremenda.

Nessas circunstâncias extremas de gravidade, como também nos primeiros instantes do Universo, após o Big Bang há 13.800 milhões de anos, as duas grandes teorias que temos – a teoria da relatividade geral de Einstein e a teoria quântica – deixam de conseguir descrever o que se passa. E é atrás de compreender isto que Vítor Cardoso anda.

Vítor Cardoso já teve três bolsas do ERC

em 2021 uma fundação dinamarquesa de filantropia (a Fundação Villum) tinha concedido a Vítor Cardoso uma bolsa de 5,3 milhões de euros, que se prolongará até 2027. O reconhecimento do físico português tem também passado pela conquista de financiamento a nível da União Europeia muito competitivo, como é o caso das três bolsas que obteve do Conselho Europeu de Investigação (ERC), organismo de financiamento público da ciência pan-europeia criado pela Comissão Europeia.

Ganhou essas três bolsas do ERC, sendo dos poucos portugueses com esse recorde, em 2010, 2015 e 2022 – a última, de dois milhões de euros, manter-se-á até 2027, para investigar a matéria escura (matéria que sabemos existir pelos seus efeitos gravitacionais, mas não vemos) e a física quântica utilizando buracos negros.

Quanto a distinções, em 2015 foi condecorado com a Ordem de Santiago D’Espada pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Agora receberá o Prémio Universidade de Lisboa de 2023, que na última edição distinguiu o médico e gestor Luís Portela, presidente da Fundação Bial.

Criado em 2006, quando José Barata-Moura era o reitor da Universidade de Lisboa, o prémio já distinguiu, entre outros, a farmacêutica Odette Ferreira, o imunologista António Coutinho, o físico Filipe Duarte dos Santos, o geógrafo Jorge Gaspar, o constitucionalista Jorge Miranda, o filósofo Eduardo Lourenço, o neurocirurgião João Lobo Antunes, o arquitecto Nuno Teotónio Pereira, Jorge Calado, a imunologista Maria de Sousa, o historiador António Borges Coelho, o escritor Gonçalo M. Tavares, o político António Guterres, a bióloga celular Carmo Fonseca.

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