Cientistas portugueses colaboraram na “primeira observação de novo efeito físico”
Os resultados têm potencial para aplicações em estudos de física nuclear, produção de antimatéria e até em imagiologia médica e biológica com a nova fonte de radiação.
A professora Marija Vranic e o aluno de doutoramento Óscar Amaro, do Instituto Superior Técnico (IST), participaram num estudo internacional que permitiu a “primeira observação de um novo efeito físico”, indicou agora este instituto da Universidade de Lisboa.
Os dois investigadores integram o Grupo de Lasers e Plasmas do Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear (IPFN) do IST e foram responsáveis pela parte teórica do estudo divulgado a 14 de Outubro na revista científica Nature Photonics.
“[O] feixe de raios gama produzido numa experiência internacional na Coreia do Sul foi mil vezes mais brilhante do que os recordes anteriores para esta escala de energia”, assinala um comunicado do IST. “Os resultados (...) confirmam um fenómeno físico conhecido como dispersão de Compton não-linear e têm um grande potencial para aplicações em estudos de física nuclear, produção de antimatéria, e até em imagiologia médica e biológica com a nova fonte de radiação”, refere ainda o comunicado.
“Aqui temos uma fonte de frequência naturalmente ajustável, que pode ser usada para várias coisas, por exemplo para ver objectos muito pequenos e mudanças muito rápidas”, refere Marija Vranic, a professora do Departamento de Física do IST, citada no comunicado.
A investigadora considera que a experiência realizada constitui “um passo importante”, precisando que se abriu caminho para uma melhor visualização do que “normalmente é difícil ver directamente”, como os processos biológicos, imagens da qualidade de peças críticas (como as de um avião) antes de as instalar ou o estado de reactores nucleares antigos sem os abrir.
“Este estudo tem uma parte fundamental: a verificação de um efeito teoricamente previsto há décadas, e uma parte relevante para aplicações – o feixe de fotões obtido tem características benéficas para ser usado como fonte de radiação que permite obter imagens médicas e biológicas, de segurança e de controlo de qualidade”, adianta.
O IST refere ainda que a investigação que deu origem ao referido artigo “faz parte de um esforço global para compreender melhor a electrodinâmica quântica (QED) em campos fortes – um ramo da física que normalmente lida com fenómenos encontrados em ambientes astrofísicos extremos, como pulsares, magnetares, supernovas e buracos negros”.