Trump foi “o melhor que Deus, a natureza ou a política poderiam” ter dado à Europa

O primeiro-ministro albanês acredita que os sustos têm sido fundamentais para obrigar a UE a progredir e a fortalecer-se, num caminho que passa pelo alargamento.

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Edi Rama, primeiro-ministro da Albânia Murad Sezer / REUTERS
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Para Edi Rama, primeiro-ministro da Albânia, o regresso de Donald Trump à Casa Branca “foi o melhor que aconteceu” à União Europeia porque deu ao bloco “a maior e mais importante razão para acordar”. Do seu ponto de vista, este “acordar” também se cruza com as ambições do seu próprio país e com o seu percurso a caminho de se tornar um membro da UE.

“Não partilho a ideia de que este será o fim de muitas coisas”, afirmou Rama, durante um encontro com jornalistas portugueses nesta quarta-feira em Tirana. “Lembro-me de que quando ele estava em campanha para as primeiras eleições a que se apresentou e disse que se ia livrar na NATO. E com Donald Trump, a NATO tornou-se mais forte”, defendeu, notando o aumento do investimento europeu na defesa “por causa dele e da sua pressão”.

A Albânia faz parte da NATO desde 2009 (o mesmo ano em que fez o pedido de adesão à União Europeia), mas ainda não tem como saber quando fará parte da UE.

“À sua maneira, vejo a eleição [de Trump] como o melhor que Deus, a natureza ou a política poderiam fazer para dizer à Europa: ‘Acorda, porra!’, insistiu Rama, em resposta a uma pergunta do Diário de Notícias.

A conversa com o primeiro-ministro do Partido Socialista albanês, no cargo há onze anos, aconteceu pouco mais de um mês depois do arranque das negociações formais de adesão, com a abertura do primeiro capítulo, durante a segunda conferência de adesão realizada entre o bloco de 27 países e a Albânia desde que a nação dos Balcãs Ocidentais se tornou um país candidato, há precisamente uma década.

A partir de Tirana, faz sentido que Rama olhe para a UE e considere que tudo acontece demasiado lentamente e que os choques ou sustos são fundamentais para provocar progressos. O choque que permitiu fazer do alargamento uma prioridade, por exemplo, chama-se Vladimir Putin e ocorreu com a sua decisão de invadir a Ucrânia. “Antes de Vladimir Putin, eles estavam a dormir. Felizmente, acordaram”, afirmou.

Com o passo dado em Outubro, Bruxelas poderá examinar os chamados “fundamentos” da adesão, que incluem o Estado direito ou o cumprimento dos direitos humanos. Um passo que é dado no 20.º aniversário do maior processo de alargamento em número de países e populações que integraram a União, quando se juntaram oito países da Europa de Leste, para além de Chipre e de Malta.

Rama considera que a cada novo alargamento, o caminho de adesão foi sendo cada vez mais dificultado, com critérios progressivamente mais exigentes. A Albânia “faz parte da Europa” e, do ponto de vista “geopolítico”, já deveria fazer parte da UE “há muito tempo”.

Ainda assim, até Rama sabe que o seu país não está pronto, hoje, para essa adesão. “Neste momento, estamos na estrada com ideias muito claras, com uma vontade muito forte e não há quaisquer dúvidas de que vamos alcançar o que temos de alcançar, que é ter a Albânia na UE até 2030”, comentou, durante a conferência de adesão do mês passado.

Entre 15 de Outubro e 20 de Novembro a ambição de Rama aumentou. “Temos um plano que já foi discutido com a Comissão Europeia para terminarmos o nosso trabalho até 2028”, disse na conversa desta quarta-feira. Claro que não basta à Albânia cumprir a sua parte, é preciso existir vontade dos 27. “Depois, é uma questão de decisão política. E nunca se sabe, com a União Europeia, nunca se sabe.”

O PÚBLICO viajou a convite da Representação da Comissão Europeia em Portugal

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