Ataques israelitas matam 15 pessoas em Gaza. Hospital no Norte da região faz pedido de socorro

Num só ataque em Jabalia, no Norte da região, morreram 12 pessoas, de acordo com as autoridades de saúde.

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As forças israelitas continuam a sua incursão no Norte de Gaza ABIR SULTAN / EPA
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As forças israelitas mataram pelo menos 15 palestinianos na Faixa de Gaza, na quarta-feira, incluindo um funcionário dos serviços de emergência, revelaram as autoridades de saúde, enquanto tanques israelitas aprofundavam a sua incursão na área e destruíam casas, de acordo com os residentes.

Pelo menos 12 pessoas foram mortas num ataque israelita a uma casa na área de Jabalia, no Norte de Gaza, na manhã de quarta-feira, segundo as autoridades médicas, que afirmaram ainda que pelo menos dez pessoas permanecem desaparecidas enquanto as operações de resgate continuam. Outro homem foi morto num ataque de tanques nas proximidades, acrescentaram.

No subúrbio de Sabra, na cidade de Gaza, um porta-voz dos serviços de emergência civil palestinianos informou que um ataque aéreo israelita atingiu uma das suas equipas durante uma operação de salvamento, matando um elemento e ferindo outros três.

A morte elevou para 87 o número de elementos de emergência civil mortos desde 7 de Outubro de 2023, segundo o mesmo comunicado. Fontes das Forças de Defesa de Israel (IDF na sigla em Inglês) ainda não se pronunciaram de imediato sobre os dois incidentes.

Para além dos desafios que se colocam ao sistema de saúde no Norte da Faixa de Gaza, os serviços de emergência civil contaram que os veículos médicos estavam pouco operacionais devido à escassez de combustível e de equipamento, invocando a recusa continuada de Israel em permitir que tragam os abastecimentos necessários.

Em Rafah, no Sul da Faixa de Gaza, os médicos disseram que um homem foi morto e outros ficaram feridos num ataque aéreo israelita ao território oriental da cidade.

Residentes em Jabalia, Beit Lahiya e Beit Hanoun, onde o Exército tem operado desde o início do mês passado, contaram que as forças israelitas destruíram dezenas de casas nas três áreas, aumentando os receios de que Israel estivesse a tentar expulsar residentes para criar uma zona-tampão, algo que Israel nega.

Israel afirmou ter enviado forças para as duas cidades e para o campo de refugiados para combater os militantes do Hamas que lançam ataques e para os impedir de se reagruparem. O Governo israelita afirmou ter matado centenas de pessoas desde 5 de Outubro.

O Hamas e o braço armado da Jihad Islâmica afirmaram que mataram muitos soldados israelitas com fogo antitanque e morteiros, assim como com explosivos durante o mesmo período.

Dificuldades nos hospitais

Hussam Abu Safiya, director do Hospital Kamal Adwan, uma das três instalações médicas que quase não funcionam no Norte do enclave, contou que o hospital foi alvo de fogo israelita na terça-feira.

"O sistema de saúde continua a funcionar em condições extremamente duras. Na sequência da detenção de 45 membros do pessoal médico e cirúrgico e da recusa de entrada de uma equipa de substituição, estamos a perder diariamente doentes feridos que poderiam ter sobrevivido se houvesse recursos disponíveis", afirmou Abu Safiya. "Infelizmente, não é permitida a entrada de alimentos e água e nem sequer uma única ambulância tem acesso ao Norte. Ontem, o hospital foi bombardeado em todos os departamentos sem aviso prévio, quando tentávamos salvar um ferido na unidade de cuidados intensivos", acrescentou.

Netanyahu em Gaza

Durante uma visita a Gaza na terça-feira, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, afirmou que o Hamas não governará o enclave palestiniano após o fim da guerra e que Israel destruiu as capacidades militares do grupo islamista.

Netanyahu afirmou também que Israel não tinha desistido de tentar localizar os 101 reféns que se pensa estarem ainda no enclave e ofereceu uma recompensa de 5 milhões de dólares pelo regresso de cada um deles.

O Qatar, um dos principais mediadores do cessar-fogo, juntamente com o Egipto, disse ter informado o Hamas e Israel de que iria suspender os seus esforços de mediação, a menos que as duas partes beligerantes mostrassem "vontade e seriedade" para chegar a um acordo.

O Hamas quer um acordo que ponha fim à guerra, enquanto Netanyahu prometeu que a guerra só pode terminar quando o Hamas for erradicado.